Historic Rallye - The most essential item of equipment is a sense of humour!

16.4.06

Rally à primeira usina de fabricação de ferro em solo americano

O MG Club do Brasil realizou no dia 1º de Abril de 2006, o rally de carros clássicos e históricos à Floresta Nacional de Ipanema. Esta prova contou para o Campeonato anual de duplas (navegador e piloto) e de equipes.

O território original, que já tinha o status de Distrito do Ipanema, indicando autonomia administrativa, durante o Vice-Reinado e o Império brasileiro. Os recursos naturais de Ipanema conhecidos desde a época da colonização, garantiram a construção dos fornos de Afonso Sardinha de 1589, reconhecidos pela Associação Mundial de Produtores de Aço (AMPA), como a primeira tentativa para a fabricação de ferro em solo americano. A exploração da magnetita e a produção do ferro e do aço na Real Fábrica de Ferro de Ipanema, entre 1811 e 1895, foi reconhecida, também, pela AMPA como o berço da siderurgia. Está localizada no maior maciço de mata atlântica do interior paulista, além de áreas de Cerrado, Várzea e os ecossistemas associados, que abriga 52 espécie de mamíferos, 218 de aves, 18 de anfíbios, 15 de répteis e 35 de peixes, representando 21,6% da fauna ocorrente no Estado de São Paulo.

A Real Fábrica de Ferro de Ipanema, vai surgir através de Carta Régia de 4/12/1810, quando a Família Real já estava no Brasil (1808). A Fábrica estará em funcionamento (oficial) de 1811 a 1895. A criação da Fábrica é continuidade, no Brasil, de um projeto em andamento em Portugal, no qual do Conde de Linhares tenta organizar a indústria de ferro, contratando mineralogistas como o brasileiro José Bonifácio de Andrada e Silva e outros estrangeiros. Friederich Ludwig Wilhelm Varnhagen, mineralogista alemão, que estava trabalhando no Reino de Portugal, é trazido ao Brasil, sendo recebido por Martin Francisco em 1809 no Rio de Janeiro. Viajam para Araçoiaba no ano seguinte, e como já tinha feito anteriormente, agora com o apoio de Varnhagen, Martin Francisco propõe a formação de uma sociedade acionista de capital misto, com 60 ações nominais, totalizando 48 Contos de capital para a construção da Fábrica.

Carl Gustav Edberg, que já estava contratado desde 31/12/1809 embarca na Suécia com destino à Real Fábrica no Brasil. Ele viaja com 14 trabalhadores (fundidores, forjadores, carpinteiros), especialistas na fabricação de ferro. No navio (além dos homens, proibidos de viajar com as mulheres e/ou filhos), vinham todos os equipamentos e produtos necessários à implantação da Real Fábrica de Ipanema. Somente aportaram no Rio de Janeiro, em meados de dezembro de 1810, poucos dias depois da publicação da Carta Régia que a criou. Nesta Carta Régia, estabelece-se o sistema de uma sociedade acionista de um capital misto, com 60 ações nominais, das quais 13 ficam com a Coroa Portuguesa, que pretende fabricar munições e armas, que serão pagas com 100 escravos e bois.

Para hospedar D. Pedro II, foi construído um sobrado em 1841, em anexo à antiga sede administrativa. Os festejos não se realizaram pela queda dos liberais, que iniciam o movimento rebelde – Revolta dos Liberais (1842). Os revoltosos marcham para a Capital paulista, saindo de Sorocaba sob o comando do Padre Feijó, elegendo o Brigadeiro Tobias de Aguiar, presidente revolucionário da Província de São Paulo, com ajuda dos canhões fabricados na Real Fábrica de Ipanema. Duque de Caxias reprime a revolta e prende os líderes. D. Pedro II visita aos 21 anos a Real Fábrica de Ferro de Ipanema, em 19/03/1846 (A Imperatriz D. Tereza Cristina, permaneceu em São Paulo, para preservar a gravidez, da qual nasceu a Princesa Isabel). D. Pedro II, visitaria a Real Fábrica de Ferro de Ipanema novamente em 21/08/1875 (agora com 50 anos); em 25/12/1878 (em troles visita a Real Fábrica de Ferro de Ipanema, sendo recebido pelos trabalhadores ao som do Hino Nacional); e em 11/11/1886 com a Imperatriz.

A Guerra do Paraguai (1864 a 1870), fez com que o ferro de Ipanema se transformasse em munições e armas brancas para o Exército brasileiro, nas oficinas da hoje conhecida como Casa das Armas Brancas (onde vamos almoçar), instalada sobre os fornos suecos de 1812. O Conde D'Eu agradeceu pessoalmente os operários da Real Fábrica de Ferro de Ipanema, pelas armas produzidas para a Guerra do Paraguai, em 11/07/1877.

Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, o geólogo Luiz Flores de Moraes Rego, vai a Ipanema, para fazer funcionar novamente os altos fornos, para produzir armamento para os paulistas. Mas a vitória do Governo Federal (90 dias depois de 9/7/1932), encerra definitivamente as atividades da Real Fábrica de Ferro de Ipanema.

(Texto de Janette Gutierre)

Obs.: Já é uma tradição dos rallyes do MG Club do Brasil, quando dá, terminar num lugar histórico.

Luis Cezar

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