Quantas e quantas vezes, o antigomobilista, vê o carro ainda nas longarinas todo pronto... A história é recriada parafuso por parafuso.
Lembro que numa das reuniões da FBVA (logo depois dele assumir sua presidência - com o esforço do Zé hoje a FBVA tem mais de 90 clubes afiliados), em Águas de Lindóia, eu discutia como esta Federação iria cuidar da parte esportiva. Apresentei várias proposições, dentre elas dei dois nomes de integrantes da FIVA. Não botei muita fé nele, mas ele encarou o desafio e procurou a FIVA e, para o meu espanto, se interessou por rallyes (chegou a fazer um rallye na Grécia ou em Portugal, sob o manto oficial da FIVA e, em 1999, a FBVA se filia a FIVA). Anos depois, um rallye do calendário oficial da FIVA ocorreria no Brasil (mesmo que de forma capenga é verdade). Estes atos levaram o Zé a criar um Bloco Sul Americano junto a FIVA , onde o Brasil tem voz e coro com os hermanos da Argentina, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai.
Assim era o Zé - pegava o boi pela unha, mas tinha um coração enorme, além de preservar com finco sua amizades. O ex-presidente do MG Club do Brasil, foi seu companheiro, desde os tempos da Escola Militar no RJ - o Massa e o Zé eram adéptos da letra da música do Assis Valente, na seguinte estrofe: "Vestiu uma camisa listrada (o Sérgio) e saiu por aí (para andar de carro antigo, lógico). Em vez de tomar chá com torrada ele (Zé) bebeu parati (marca de pinga)". Estes dois, juntamente com outros malucos foram do Brasil até os EUA, de Chevrolet Brasil!!! O Zé gostava de carros norte-americanos e dos chamados por ele por Dragões (carros dos anos 20, 30 e 40 longos e raros), assim como, gostava de carros europeus, principalmente dos ingleses. Uma vez fui seguindo ele e o Sérgio Massa , numa trip, onde esta dupla estava num carro da mulher do Zé, a bem humorada Marly - era um Caravelle - que horrrrrror... Esta era a prova que ele não tinha preconceitos.
Todos sabemos que restauro de carro antigo, não se trata de hobby ou paixão, é sandice. A Marly (sua mulher), sabia disso - a família toda, como suas filhas Renata, Helena e sua neta Catharina, sabiam disso, mas não foi desta sandice que ele morreu. Carro antigo acaba com a gente, mas não nos mata, apesar dele ter gostado de certos Studebakers (ele tinha um 42, um 49, um 50 e um 52 - sandice - eu falei - mas, ah... ele gostava, também de Cadillacs... ele tinha um 41, um 49, um 59, um 65 e um 57). Mas nas palavras dele, quais dos 70 carros ele gostava mais: "Comprei meu Bel-Air 1953 em 1974, de um guarda de transito na Ilha do Governador... Esse automóvel é o meu xodó”:
Com este carro acima, o Zé fez um dos rallyes do MG Club do Brasil (no ano passado - para Campos do Jordão) - na verdade ele gostava de participar dos eventos esportivos, mas não para competir, mas para se divertir.
Zé eu não sei se no céu tem uma pinga gostosinha, mas certamente tem carro, porque, quando a chuva vem meu caro amigo, eu ouço o ronco dos V8's, vejo a fumaça branca dos radiadores dos Fords, transformada em nuvens, enfim, lá tem - também - tudo que você gosta - e melhor: Os carros e as pessoas de lá, já são restauradas pelo melhor funileiro, ou como você diria, pelo Melhor Lanterneiro que você já viu...
Zé, outro imortal da Vila Isabel como você, já se adiantara ao eternizar: "Quando eu morrer, não quero choro nem vela, quero uma fita amarela, gravado com o nome dela" (Noel Rosa) - tenho certeza que é isso que você queria - uma fita amarela, gravado apenas com os nomes delas (Marly, Renata, Helena, Catharina e a Bel-Air 1953...). Boa viagem, Zé!
Luis Cezar
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