MGs Musketeers
Há na net poucos informes sobre os times MG - e há sempre solicitações deste tipo de artigo aqui já postado - então... vamos lá: Este é um dos times da MG que eu acho mais charmoso, juntamente, com o time feminino que ganhou Le Mans em 35. Trata-se dos 3 Mosqueteiros. Na verdade era o primeiro time oficial de fábrica, que surgiu na esteira do sucesso dos Cream Crackers, e com poucas imagens disponíveis dos seus carros, na atualidade (contudo, as imagens aqui dispostas são raras, pois, muitos dos carros já não existem mais - o legal destas fotos, é que basta clicar em 90% delas e a ampliação é enorme. O Detalhe mais fantástico, fica a cargo das fotos dos times das mulheres e dos 3 Mosqueteiros, com toda a tripulação no Welch Rally ao lado de um monumento - Fotos retiradas da obra "M.G. Trials Cars - An Appreciation of the Works Teams", do Roger F. Thomas - Magna Press, 1995, Surrey). Aproveitem...
Os autores mais sérios, sempre alertam que não sabem ao certo, qual a real motivação de se criar um time como os Mosqueteiros. Quase sempre a resposta é a influência dos Cream Crackers (outro time privado, que depois, passou a ser works), contudo, este time de Mosqueteiros oficial, usava 3 carros do modelo MG-NA Magnette de 1934 (eram os modelos NA, NB e ND, fabricados no início de 1934 até o final de 1936, com 6 cilindros, 1.271cc, 56.6bhp a 5.700rpm), tunados por Abington - é claro, aliás, estes carros eram os mesmos que ganharam o Tourist Trophy (TT). Eram na verdade, carros preparados para a pista e não propriamente para Trial (chegaram a usar nestes carros o supercharged do fabuloso MG-K3). Eles levavam a designação de "NE", e somente 7 exemplares foram construídos, com motor de 1.287cc (N-type), com um corpo em alumínio [com o carro designado "Aramis" (licença JB 4750), a MG ganha o TT de 1934 nas mãos de Charles Dodson].
Quando eu falei de charme, eu me referia a participação feminina nestes carros. Miss Margaret Allen (NE Magnette), foi campeã em provas de TT, se destacando inclusive no Wye Cup Trial, em março de 1935 (em algumas competições, estes carros do time dos 3 Mosqueteiros, era pilotado por mulheres). No mesmo ano, após estas experiências em provas de menor importância, a MG resolve inscrever 3 dos carros (Athos, Porthos e Aramis), em Lands End e no Edinburg Trial, onde ganharam na classe, além da participação na prova de Abingdon, Rushmere Trials e no The Welsh Rally (neste último evento, eles ganham o Team Awards, e o piloto do Aramis, Sam Mash, ganha o rally).
Neste momento, os carros já tinham os seus tanques de combustível, adaptados como do modelo P. Entretanto, mesmo com o sucesso destes carros, estes foram vendidos para a Bellevue Garage (família Evans), para que eles participassem de provas de TT no mesmo ano. Apesar disso, estes carros originais, foram vistos em anos subsequentes, participando de provas de trial, como o JB 4749, pilotado por Ernie Herrald e Reggie Tongue , que pilotava o JB 4748 (vide Inter Varsity Trial de 1937).
Os NE Musketeers eram assim designados:
Athos - chassis NA 0517, motor 761AN, licença JB 4606, pilotado por Lewis Welch;
Porthos - chassis NA 0519, motor 763AN, licença JB 4608, pilotado por Freddy Kindell;
Aramis - chassis NA 0522, motor 764AN, licença JB 4750, pilotado por Sam Nash (A cor dos NE Magnettes era idêntica ao do Cream Cracker, pintadas sobre o mesmo local). Na foto temos os NE Magnettes, como time ganhador do Welsh Rally em 1935 (da esquerda para a direita: Nash com o Aramis, Kindell com o Porthos e Welch com o Athos).
A segunda fase do Time, ocorreu com os carros de fábrica modelos PA e PB. Os PAs eram assim identificados: Athos (chassis PA 1661, licença JB 6156); Porthos (chassis PA 1667, licença JB 6157) e Aramis (chassis PA 1711, licença JB 6158) - Desta vez as placas foram sequenciais! Todos em alumínio, foram preparados para participarem no Torquay Rally, e para a prova de Le Mans, neste último evento, haviam 6 pilotos (mulheres, coordenado por George Eyston - esta cara não era bobo não...). Este time tinha um apelido: "The Dancing Daughters" - Os carros eram pintados originalmente de verde, mas passaram a usar o mesmo padrão dos Cream Crackers, apesar que nos treinos em Brooklands, ainda estavam na cor original (os motores eram os tunados do TB). Na foto, as meninas se preparando para Le Mans, na pista de Brooklands, sob the management of George Eyston - o sabidão.
Depois, deste all-lady team, a MG troca novamente os carros - agora para chamados pela fábrica de The Musketeer Magnette/Magna Specials 1935/36. A nova formatação de carros e pilotos (dois advindos do time Cream Cracker - Madermid e Bastock), era a seguinte: Athos - chassis Comp/N1 - licença JB 6865 - pilotado por Madermid; Porthos - chassis Comp/N2 - licença JB 6866 - pilotado por Bastock; e, Aramis - chassis Comp/N3 - licença JB 6867 - pilotado por Langley. Mais uma vez, eles licenciaram os carros na seguência, o que não era comum. Na foto o Musketeer Athos, pilotado aqui pelo Lewis Welch no Singer
Na foto vemos o Aramis, pilotado pelo Archie Langley, na mesma prova acima (acompanhado de navegadora).
Era chamado de "specials", pois, utilizavam o que tinha de melhor na época em seus carros - chamados de "best elements". Parece que estou falando uma coisa óbvia, mas na época (para os ingleses), isso não ocorria. Com a colocação do bom e do melhor, chegou-se ao nível de excelência e de performance em tais carros (por isso um deles hoje custa, 5x mais do que um dos Cream Crackers). Esta especificação especial foi realizada pelo MG Competition Departament, em julho de 1935, sendo refinado nos meses subsequentes. Eles pintaram estes carros - agora na chamada cor de competição MG - que era a mesma dos Cream Crackers - que novidade! (na foto - uma navegadora).
A idéia de se fazer um time oficial de fábrica (official works), surgiu neste fase, apesar dos Three Musketeers já existirem de fato. Eles queriam separar o private Crackers team, do official team. Chamaram pilotos, como o Lewis Welch para pilotar o Athos, o Alex Houslow ou o G. W. J. H. Wright, para pilotar o Porthos e o Sam Nash, para pilotar o Aramis. Estes carros foram testados no outono de 1935, pelo Competition Departament e posto a prova em alguns eventos de menor importância, tudo com vistas a campanha de 1936. Na foto o Musketeer Team Captain - Macdermid - no New Mill de 1937.
Foram colocados supercharging em dois carros (Marshall IZ87), e em no Athos o modelo Centric 260 (este foi rejeitado, voltando-se ao modelo Marshall). Os fatos mais legais, foram os criados pelas correspondências entre os Times e a MG - são cartas bem saborosas, que todo aquele que gosta de carros, deveria ler. Eu as tenho em cópias, e não seria o caso de colocá-las aqui. Na foto o Imhof, em plena distribuição de peso, no BBL 81 - Warren Hill de 1938 (Colmore Trial) - só com compressor! O time de 1937 era composto por modelos MG-TA Midget. Sim, isso mesmo, muda-se novamente o set de carros: Athos - chassis TA 0931 - licença ABL 961 - pilotado por Macdermid; Porthos - chassis TA 0933 - licença ABL 963 - pilotado por Bastock; e Aramis - chassis TA 0935 - licença ABL 965 - pilotado por Langley.
Os 3 Musketeers se apresentavam agora, juntos com o Crackers Team (tanto é que este outro time usava, também, MG-TA com os chassis 0930, 0932 e 0934, ou seja, sequêncial a dos Mosqueteiros). Para não confundir agora com a equipe, também, oficial da MG, a cor dos Mosqueteiros muda para vermelho, mais puxado para o vinho. Eram carros iguais a do Team Cracker (vide o anterior artigo sobre este time). O pessoal de Abingdon-on-Thames não estava para brincadeira não. Curiosidade: o time dos Mosqueteiros, tinha cronometros no painel, enquanto os do Crackers, não possuiam tal equipamento. Mas todos eram uma só equipe, até mesmo para certas corridas, como as 12 horas de Donington Park de 1937, onde os 3 carros dos Mosqueteiros, eram pilotados pelos pilotos de ambos os times. Resultado: O Athos com Macdermid e Toulmin chegou em 5º na classe e em 8º na geral (média de 52.10 mph), o Porthos com Bastock e Crawford, ficou em 11º na classe e em 17º no geral (média de 49.76 mph), e o Aramis com Langley e Jones, em 6º na classe e em 9º na geral (média de 51.89 mph). Nada mal, para carros de Trial. Na foto o carro já pintado de vermelho, na Lawrence Cup Trial, aqui pilotado pelo Jack Bastock (Porthos).
Para a sessão de 1938/39 temos uma novidade - já não são 3 carros, mas sim 4 carros, mas este último não levava o nome de Dartagnan, pois, a MG considerava que este não era um "verdadeiro Mosqueteiro". O time era o seguinte: Athos - chassis TA 2044 - licença BBL 82 - pilotado por Madermid; Porthos - chassis TA 2045 - licença BBL 83 - pilotado por Bastock; Aramis - chassis TA 2046 - licença BBL 84 - pilotado por Langley; ? - chassis TA 2518 - licença BJB 412 - pilotado por Green. Na foto tirada em 1939, num dos últimos eventos, Dikie Green no Athos (navegador Norman Lowe), seguido pelo esquadrão inteiro. Foto rara.
Apesar das licenças dos Crackers ser sequencial também (78 a 81), os carros deles eram especiais chamados de EX (MGs TA com motorização dos MGs VA com 1.548cc, e que mais tarde passou a ter 1.708cc). Na foto em 1938, na prova do MG Clar Club Abingdon Trial, Langley pilotando o Aramis com o Imhof (aqui eles ganharam por equipe o The Inter Club Team Trophy).
Um texto errôneo encontrado no site brasileiro Best Cars, fala que a MG tinha 3 times (precisava especificar que estes times era pré-II Guerra, pois, depois deste evento, há outros times formados pela fábrica), colocando os dois mais conhecidos e um chamado de "Blue Bustards"? - Esse time - pelo que eu saiba, nunca existiu, além do mais, esquece tal site o time formado pelas mulheres (The Dancing Doughters, onde faziam parte as seguintes beldades: Doreen Evans, Barbara Skinner, Margaret Allan, Hugh Eaton, Joan Richmond e Gordon Simpson)! Na foto Jack Bastock em 1938, no Toquay Rally atravessando Exmoor, com seu Porthos.
O único time que poderia relacionar com a cor azul escura (na verdade socttish blue) era o Scottish Centre's Highlanders Team, onde W. Keith Elliot, Norman Gibson e George Murray Frame, pilotavam respectivamente os T-types: ex-Toulmin ABL 960, ex-Jones ABL 964 e ex-Imhof JB 9445 (sendo o Keith Elliot - o capitão do time - é o atual dono dos 3 carros). Aqui vemos o Ken Crawford em 1938, no Lands End Trial.
De todos os Musketeer Works Team Cars, só há notícia hoje em dia dos seguintes veículos: 1935: NE JB 4606, NE JB 4608 e NE JB 4750 (portanto, toda a série); 1935/36: os JB 6865 e o 6866 (foram desmontados, por acidentes), só o Magnette Special JB 6867 está de pé; 1937: só o TA ABL 965 sobrevive; e 1938/39: só o TA BBL 82 sobrevive (na foto o Capitão Macdemird, acompanhado de navegadora, no último Musketeers - Athos, na última prova do Torquay Rally de 1938).
Luis Cezar
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