Mercedes-Benz W111 - 220SE / 300SE e SEB

Tirando a BMW e a Porsche, o carater esportivo da Mercedes-Benz ficou restrito a um ou outro modelo (mesmo assim em pista e não em rallye), e notem que carros da montadora ficaram famosos em pista, oriundos de uma tradição vinda de um dos fundadores - lembrem-se que a marca recebeu o nome da Adriana Manuela Ramona Jellinek - chamada de Mercedes, cujo pai o Emille Jellinek era um grande piloto amador (bom, todos na época eram amadores) - lembrem-se que Jellinek pilotava um Daimler Simplex (com o nome da filha pintado do lado), e por seus exitos com o carro, fizeram 35 Daimler com a marca Mercedes (dai Daimler Mercedes) - todos os Daimler 35 eram chamados de Mercedes (quando houve a fusão entre Daimler com a Benz, ai ficou Mercedes-Benz, fazendo surgir nas pistas o MBSS e o MBSSK, que dominaram as pistas a partir de 1926, seguindo-se o sucesso nos anos 30 com as flechas de prata W25 e W125 - e nos anos 50 com os 300SL e SLR).Mas ninguém na plenitude de suas funções, poderia apostar que um modelo da montadora alemã, meio desajeitado e de 4 portas, poderia ganhar algum tipo de rallye curto (normal até 2.500kms), seja ele considerado endurance (acima daquela quilometragem). Isso aconteceu com o modelo W111 - mais especificamente o 220SE e o 300SE (e a segunda série chamada de 300SEB). O maior feito, sem dúvida alguma foi a prova do Rallye de Monte Carlo de 1960, onde 3 modelos 220SE, ganharam os 3 primeiros lugares - fantástico (há que se lembrar que o Roots Group com seus fantásticos Sunbeam Rapier Série IIIA, ficaram nas 2 primeiras e um quarto lugar na Classe, onde as Mercedes 220 competiam - 1300-2000cc - aliás os ingleses, ganharam na classe Alpine - Grand Touring. Só perderam o primeiro lugar na geral porque o Peter Harper - ocorrendo o mesmo com o Peter Procter - se perderam).

A campanha de Monte foi muito bem planejada e como sempre fez a montadora alemã, colocou-se muito dinheiro e muito suporte a disposição do Time (haviam 3 caminhões com peças e 4 carros-oficina, além de um time de mecânicos composta por nada menos 10 expertos e 3 engenheiros), o que para a época não era nada usual. O primeiro carro a chegar foi a Mercedes-Benz 220SE de Walter Schock e Rolf Moll no Fintail (como era designada) de número 128.

Eugen Böhringer e Heramann Socher ficaram em segundo e em terceiro ficou o time formado por Eberhard Mahle e Herbert Ott. A equipe inglesa ficou 11 minutos atrás (devido ao erro numa entrada na montanha). Não era um carro nascido para rallye ou pista (era muito pesado), mas a força do dinheiro e da equipe funcionava. Os integrantes dos times eram da própria montadora. Por exemplo o Böhringer (que nascera ao lado da fábrica em Stuttgart, tinha desde pequeno uma ligação com a Daimler-Benz, pois, seu pai lá trabalhava). Ele ganhou com este modelo o Rallye Spa-Sofia-Liege, em 1962 e 1963, tres vitórias no Rallye da Polonia, assim como ganhou duas vezes o Rallye Acrópolis e uma vez o Rallye da Alemanha (ganhou, também em pista, como o Grande Premio da Argentina em 1963 e 1964 e o Campeonato de Touring Car em Nürburgring e Macau também em 64 (ficou em segundo em Monte com um MB 220SE em 60, com um MB 230SE em 63 e com um Porsche 904 em 65).

"Die fliegende Heckflosse" -Argentina - Mercedes 300SE

Algumas colocações:

1960 - Monte Carlo - 1. Schock/Moll - 220 SE / S-JK 190 / 128
1960 - Tulipa - 3. Schock/Moll - 220 SE
1960 - Acropolis - 1. Schock/Moll - 220 SE
1961 - 1000 Lagos - 1. Aaltonen /Nurmimaa - 220 SE
1961 - Alemanha - 2. Böhringer/Aaltonen - 220 SE
1962 - Monte Carlo - 2. Böhringer/Lang - 220 SE / S-JK 74 / 257
1962 - Acropolis - 1. Böhringer/Lang - 220 SE / S-JK 71 / 31
1962 - Liege-Sofía-Liege - 1. Böhringer/Lang - 220 SE / S-JK 71/82
1962 - Alemanha - 2. Böhringer/Lang
1963 - Acropolis - 1. Böhringer/ Knoll - 300 SE / S-PD 702 / 41
1963 - Alemanha - 1. Böhringer/ Kaiser - 300 SEB
1964 - Acropolis - 4. Waxenberger/ Kaiser - 220 SE

Eis alguns eventos onde a MB participou:

Acropolis Rally

1956 W Schock/R Moll - Mercedes 300 SL
1960 W Schock/R Moll - Mercedes 220 SE
1962 E Bohringer/P Lang - Mercedes 200 SEd
1963 E Bohringer/R Knoll - Mercedes 300 SE
Argentina Rally
1963 E Bohringer/Kaiser - Mercedes 300 SE

1964 E Bohringer/Kaiser - Mercedes 300 SE

Rallye Cote D'Ivoire (Bandama rally)
1979 Hannu Mikkola/Arne Hertz (FIN/SWE) - Mercedes 450 SLC
1980 Björn Waldegård/Hans Thorszelius (SWE) - Mercedes 500 SLC
Cyprus International Rally
1972 L Makrides/P Erotocritou
Paris-Dakar
1983 Ickx/Brasseur - Mercedes Unimog
Finland
1961 Rauno Aaltonen/Vaino Nurmimaa (FIN)
 Monte Carlo
1960 Walter Schock/Ralf Moll (GER) - Mercedes 220SE
Safari
1959 Bill Fritsch/Jack Ellis
1960 Bill Fritsch/Jack Ellis
1961 John Manussis/Bill Coleridge/David Beckett
 African Rally (Algiers a Capetown)
1959 Karl Kling - Mercedes 190D
1960 Karl Kling - Mercedes 220SE.
Polish Rally
1961 E. Bohringer/R. Aaltonen
1962 E. Bohringer
Liege-Sofia-Liege Rally
1962 E. Bohringer - Mercedes 230SL.
1963 E. Bohringer - Mercedes 230SL.

Eugen Böhringer em 1964 na região de Dos Rios / Argentina - MB 300SE

Parada no pé da Cordilheira dos Andes - Argentina

No dia do recorde de velocidade (181 Kph)

Gesamtsieger - Grande Prêmio da Argentina - Mercedes 300SE

3 Mercedes 300SE chegando no Grande Prêmio da Argentina em 1964

Macao - 1964

E. Böhringer's ganhando em Macau - 1964 - Mercedes 300SE

Largada das 24 horas de Rennen für Tourenwagen em Spa Francochamps (curva Eau Rouge)

Mercedes 300 SE em ação na pista de Spa

2 Mercedes no Box em Spa - 1964

Sexto lugar em "Nürburgring /Nordschleife" - Mercedes 300SE

"Deutschland Rallye em 1963" - Mercedes 300SE

Argentina - 1963

Rallye "Monte Carlo" - Mercedes 220SE - Classe 2000cc

Rallye "Akropolis" - Mercedes 220SE

Rallye "Spa-Sofia-Lüttich" - Mercedes 220SE

Zielankunft - Rallye "Spa-Sofia-Lüttich" - Mercedes 220SE

Este modelo surge pela necessidade da Mercedes-Benz em 1956 mudar a sua imagem, principalmente nos carros ofertados ao público - queriam atingir um público maior, que fosse exigente e da classe média-alta. A mudança teria que ser externa, interna e de motor, dando um melhor conceito ao modelo Ponton (que era um êxito

de vendas, mas estava envelhecido, diante do padrão norte-americano). Entraram em ação os engenheiros comandados por Uhlenhaut e os estilistas comandados por Karl Wilfert, todos comandados pelo chefão Nallinger - dai surgiu o W111 FINTAIL (aquele rabinho de peixe discreto do modelo), com faróis verticais chamados de Lichteinheiten (postos pela primeira vez nos 300SL roadster). Outra inovação foi na segurança dos passageiros - estes ficavam protegidos por zonas deformáveis na parte dianteira e traseira para absorver impactos, sob uma capota muito rígida e colunas fortes, projeto concebido por Béla Bárenyi. Isso sem contar com os vidros, suspensão e sistema de freios. Em 1957 os primeiros 4 protótipos foram feitos e começaram a rodar em 1958 (rodaram algo em torno de 3.000.000 de kms de teste), e para fugir dos fotógrafos, tinham uma aparência estranha. Em fevereiro de 59 o departamento de criação fizeram uma trip com os novos modelos (Nallinger, Uhlenhaut, Müller e Wilfert), de Stuttgart, atravessaram os Alpes e foram até Nápoles. Neste ano o projeto estava encerrado - fizeram 3 modelos para expor no Frankfurt Show no outono (depois veio o Salão de Londres - vide filminho).

O modelo W111 foi fabricado 1959 a 1971 espelhando os seguintes números:

W111 220 8/59 a 8/65 69.691 unidades
W111 220S 8/59 a 7/65 161.119 unidades
W111 220SE Sedán 8/59 a 8/65 66.086 unidades
W111 220SE Cabrio 2/61 a 10/65 16.902 unidades coupé+cabrios
W111 220SE Coupé 2/61 a 10/65 16.902 unidades coupé+cabrios
W111 230S Sedán 7/65 a 1/68 41.107 unidades sedán+universal
W111 230S Universal 1966 a 67 41.107 unidades sedán+universal
W111 250SE Cabrio 9/65 a 12/67 6.213 unidades coupé+cabrios
W111 250SE Coupé 9/65 a 12/67 6.213 unidades coupé+cabrios
W111 280SE Cabrio 2/68 a 5/71 5.187 unidades coupé+cabrios
W111 280SE Coupé 2/68 a 5/71 5.187 unidades coupé+cabrios
W111 280SE 3.5 Cabrio 8/69 a 7/71 4.502 unidades coupé+cabrios
W111 280SE 3.5 Coupé 8/69 a 7/71 4.502 unidades coupé+cabrios

Monte de 63 - Ewy Rosqvist-von Korff (esquerda) e Ursula Wirth - vencedoras do Ladies´ Trophy.

Grand Prix da Argentina de 64, com Ewy Rosqvist-von Korff e Eva-Maria Falk - terminaram em terceiro na geral com essa MB 300SE.

A charmosa e bem casada Rosqvist-von Korff (tinha como navegadora a Eva-Maria Falk), no 33o Monte.

Ewy Rosqvist e a Ursula Wirth

Quase uma centena de carrinhos foram fabricados pelas diversas empresas do setor

Diorama de REVELL (1:18):

O melhor site sobre o carro - tem tudo - das cores, passando pelo interior chegando aos dados técnicos: http://www.heckflosse.nl/Default.htm

Outros sites de interesse:

http://www.heckflosse.nl/Default.htm
http://www.heckflosse.de/
http://www.mercedes-heckflosse.de/
http://sls.sparebase.de/start/index.phtml
http://www.cochera.com/
http://www.niemoeller.de/englisch/produkte.htm
http://www.dbdepot.de/index1_1024.html
http://www.formulakit.com/

Filminhos

(Na verdade não há um filme da vitória dos 3 MB em Monte - aliás, como vocês viram, há poucas fotos sobre a participação da montadora em competições).

Legal

Propaganda de época do 220 A

Olha ela ai...

1960 Earls Court London Motor Show


Luis Cezar