Historic Rallye - The most essential item of equipment is a sense of humour!

19.6.11

O primeiro passo como gesto de abrir portas


Antes de tudo lamento não ter participado neste evento - apesar que meu carro (Volvo Amazon), estava lá com um time de portugueses.

Na verdade somente hoje eu tive tempo para sentar e falar um pouco da epopéia que foi organizar as 1000 Milhas Históricas Brasileiras. A história toda começou numa reunião do Conselho do MG Club do Brasil (o clube tem uma diretoria e um órgão superior que é o Conselho que é eleito pelos sócios) – alguns dos conselheiros exprimiram a vontade do clube fazer um rallye mais longo e mais chamativo. Lembro que há mais de 25 anos o MG Club vem realizando rallies históricos, sempre inovando e fazendo escola para outros clubes – é a sina daquele que é líder no motorsport brasileiro.


O MG Club já realizava 4 rallies e uma prova em pista, todos de caráter histórico, por ano. Pensamos em reeditar com mais técnica o rallye de Angra dos Reis, realizado em junho. Algumas organizações internacionais estavam vindo ao Brasil, no intuito de organizar provas aqui (outras já fazem isso ou iniciando ou terminando aqui rallies de longa distância), como o LV; a MM italiana e Goodwood. A primeira queria um roteiro que sinceramente não dava para fazer, a segunda queria algo como 2.5 milhões de Euros e a terceira 11 milhões de Euros para trazer seus eventos para o Brasil. Os dirigentes da MM italiana queriam reeditar a mesma prova que organizava na Argentina e, ouvi pessoalmente, que o Brasil não teria como sair da lista negra virtual, e que não conseguiríamos fazer uma prova com aquele nível.

Ao que tudo indica a FIVA tinha o Brasil no seu “Black List”, pois, um evento que teve aqui sob o manto da FIVA (na região sul), a FBVA agiu de forma, diria... inocente, política e sem o menor respeito pelas regras. Nunca mais houve um evento deste natureza aqui – não por falta de tentativa, pois, estas ocorreram. Mas por outros motivos e por uma história “internacional” bem legal, o MG Club conseguiu entrar para o calendário mundial da FIVA, igualando-se a outros eventos de primeira linha. Resolveu-se, então encarar o desafio – o que chamo o primeiro passo, com o intuito de abrir as portas, até mesmo para outros clubes.

O primeiro deles era o financeiro – para realizar a prova o MG Club era o único no Brasil com caixa suficiente para fazer esse evento – pelo menos de forma primária, sem hospitality, sem uma super estrutura mais apenas a essencial. Buscou-se empresa de marketing esportivo entre as maiores, menores e melhores, assim como foi feito com a assessoria de imprensa, cronometragem, logística, fotógrafo, cinegrafista, etc... o básico, enfim. Como a autorização da FIVA chegou em novembro de 2010, os budgets das empresas já estavam fechados para estas ações de marketing... bom... chegou-se ao fato de que o Conselho do MG Club chegou a uma encruzilhada – aceitava ou não realizar o rallye com caixa próprio.
Decidiu-se que sim – iria ser realizado o sonho de muita gente, e de uma prova que já era realizada na Europa (Mille Miglia italiana), Japão (La Festa Mille Miglia), EUA (California Mille) e América do Sul, como Uruguai (1000 Millas Sport e Históricos) e Argentina (1000 Millas Sport).

Porém, isso gerou inveja, ciúmes, ferimento de egos e outras mesquinharias de muita gente – gerou inclusive boicote claro e inequívoco ao rallye, de grupos de dois clubes bem respeitados no antigomobilismo – isso sem falar na oposição dentro do MG Club – até fatos externos foram utilizados – diria de forma ingênua e pueril – para não participar do rallye. Com tudo isso o limite do regulamento de 50 carros inscritos foi cumprido e com folga.

Meus amigos europeus me consolaram, dizendo que é isso mesmo e vai piorar com o passar dos anos – o importante era o primeiro passo. Particularmente levei para o evento 36 carros, mas o meu inconformismo era que o evento é voltado para todos os clubes (há que se esclarecer que os rallies históricos, para dar certo, foi demonstrado que devem ser organizados por clubes e não por federações ou sindicatos). Muitos tinham medo de que o evento não desse certo – graças a muito, muito e muito esforço deu certo.

Inúmeras reuniões foram feitas, mais de 1000 emails foram trocados, viagens a outros estados e exterior foram realizadas para convidar clubes, milhares de quilômetros foram realizados em fases distintas, para levantar e cronometrar o trajeto. Um trabalho de 7 meses.


Listamos os erros e não vamos repeti-los – houve de forma autorizada, uma certa liberalidade neste primeiro evento, que não irá se repetir nos anos seguintes, que foram desde o uso de traje de gala, passando por propaganda indevida, até o uso de hodômetros “não originais”. Dois observadores da FIA acompanharam o rallye de forma discreta (estavam em duas motocicletas – e havia o comprometimento de não apresentá-los ao grupo de competidores e aos organizadores, somente o diretor de prova sabia de sua presença). O regulamento foi realizado sob regras da FIA-Historic e assim vai continuar a ser realizado – o relatório final para a FIVA foi altamente elogioso. Enfim foi um sucesso.
 
O rallye foi noticiado no Brasil e no mundo - somente na internet, mais de 270 posts em blogs, agências de notícias, portais e sites especializados - midia impressa e de rádio noticiaram o evento, assim como as TVs Globo, SBT, Record e Bandeirantes no canal aberto (nacional e regional), além das TVs a cabo como Sportv, Bandsports e FOX (aliás, esse canal, seguiu todo o rallye para a produção de um documentário a ser exibido na América Latina).
Para o ano que vem parte do trajeto já foi alterada – vamos tentar coordenar a data com os mineiros do VCCMG diante do Brazil Classics Fiat Show em Araxá. Teremos uma participação maior de times estrangeiros, e o plantel de carros certamente vai ser de melhor qualidade (o deste ano foi fantástico). Todos os agradecimentos a patrocinadores foram feitos no blog oficial do rallye (www.1000milhashistoricas.blogspot.com), contudo, gostaria de agradecer ao MG Club do Brasil pela iniciativa e pelo primeiro passo dado.

Luis Cezar

Nenhum comentário: