Essa foi uma aventura cheia de histórias, dramas e poucas alegrias. De Fortaleza - "vigi", ao Chui - Bah! Imagine só o que deu de história ou estória!? Esse foi o Primeiro Rali da Integração Nacional, realizado em julho de 1971 (portanto, estamos nos seus 40 anos), que percorreu cerca de 5000 quilometros, com provas de regularidade e de velocidade. O Ministro Mário Andreazza (Governo do general Médici), tinha um objetivo de mostrar ao povo brasileiro, que o Brasil já estava ligado Norte (nordeste) ao Sul por estradas asfaltadas - com isso contou com a grana da Petrobrás e... pronto, estava feito o primeiro rallye de verdade no Brasil. No final notou-se uma espécie de rixa entre os 5 carros da Ford (4 Corcel e 1 Belina, todos preparados pela Bino), e de outro lado o carro Puma pilotado pelo competente Jan Balder e pelo não menos competente, co-driver Malowski - que venceram algumas batalhas e no final, vencerem a guerra.
E olha que pareceu uma guerra mesmo, pois, até mortes ocorreram (infelizmente), como a do piloto (volante) gaúcho Danilo Antônio Zaffari, ao capotar o seu Dodge Dart. Em acidente não letal o mais grave foi a capotada (Corcel) do Tite Catapani, dando adeus a seus baço. O acidente fatal ocorreu a 25km de Feira de Santana, na Bahia, a 125km do final da leg - o Dodge capotou 4 vezes as 4 horas da madrugada (outros dois integrantes José Américo Dambrosi e Renato Hagel Kahri (este foi jogado para fora do carro a mais de 40 metros), ficaram bem feridos.
Os 5200km (ou para alguns 5350km), percorridos de Fortaleza ao Chui (lado brasileiro), teve a paisagem dos Estados do Ceará, Pernanbuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - nas estradas do início dos anos 70, sem uma infra-estrutura da própria organização do rallye. Foi uma aventura de macho. 106 Times se inscreveram, 97 largaram (a maior comitiva estava com os carros vindos do Rio Grande do Sul: 19 - naquele tempo eles participavam destes eventos de forma maciça - o que não se reflete hoje nos rallies históricos). As provas de velocidade, foram realizadas na Serra de Itaipava (Rio de Janeiro), no Autódromo de Interlagos (São Paulo), no Autódromo Paulo Pimentel (Curitiba) e Autódromo de Tarumã (Viamão). As provas nos autódromos foram efetuadas no sentido oposto ao oficial.
O Time ganhador da geral foi o Puma do Jan Balder e Alfred Maslowski, que ganharam como um dos prêmios, um convite para participar do Rallye Internacional da TAP, em Portugal, com passagens para carro e piltos incluído no prêmio - os gaúchos que ficaram em segundo, também ganharam tal prêmio, mas quando foram para Portugal, somente o Puma havia sido embarcado... essa é uma outra história que já contei neste blog.
Teve muita história - da revolta dos gaúchos que ganharam a prova de velocidade em Tarumã, com um Dodge Dart (Jorge Ulmann e Carlo Weck), que ao abastecerem logo depois, descobriu-se água na gasolina (coisa muito estranha) - na verdade os primeiros no prime de Tarumã foi o Puma do Jan Balder, com média de 107,7kph e em segundo o Jorge Ullmann, com média de 105,88kph - e não foi provada qualquer sabotagem no combustível.
Tirando as coisas ruins - pela conversa que tive com os participantes, eles adoraram. Foi mais do que um rallye, foi uma aventura para quem gosta de desafios e de carros. Agora... me digam: alguns destes carros que participaram estão de pé? Restaurados? Onde foram parar... digo, comprovadamente? Pelo que eu saiba, nenhum dos Corcel ou da Belina estão vivos, e... o Puma já era. Uma pena. Para quem participou e ainda sobreviveu mais do que os carros, meus parabéns. Muito legal - foi a melhor coisa que o Andreazza fez depois da Ponte Rio-Niteroi... aliás, foi melhor do que a ponte.
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