A quarta edição das 1000 Milhsw Históricas Brasileiras foi, talvez, a mais charmosa das edições. Estradas sem qualquer problema (a grande maioria delas de uma beleza estonteante); serras fantásticas e desafiadoras; hospedagem e culinária de primeira grandeza - e o clima ajudou. Organização impecável, realizada pelo Departamento Esportivo do MG Club do Brasil, comandado pelo Eduardo Lambiasi e por mim. Este ano eu estava como competidor e o Eduardo como Diretor de Prova. Um ajuste mal realizado no meu Fiat 124 Abarth Rallye (stradale) 1973, retardou nosso deslocamento inicial (paramos com 18km de prova). A substituição por outro carro (no caso o Escort MK1 1970 G4) demorou, além de outros problemas não técnicos (por exemplo esqueci em casa, minha carteira com documentos, cartões, dinheiro, etc). Isso nos tiram da prova de forma definitiva. 3 horas depois, conseguimos (eu e o meu copiloto - Pedro Lambiasi), largar com o meu MGC GT 1968. Ok...ok... não competimos, mas nos divertimos muito.
Havia um time formado por membros do Classic Car Club do Rio Grande do Sul, capitaneado pelo mítico Oscar Leke. Eu particularmente fiquei muito feliz e entusiasmado, pois, sou fã desta turma e sempre que posso, faço rallies em suas terras. Uma das duplas (Marcelo Mantelli e Simone Bumbell) não pode embarcar com seu MGA de Porto Alegre, dai emprestei gentilmente o meu Volvo Amazon 122S 1967 (o Marcelo usou sem dó o Martelo de Thor - apelido que até então era carinhoso para o meu volvinho - kkkk). Uma lição de como se deve fazer e ganhar um rallye com competência e elegância, veio da dupla gaúcha vencedora (mais uma vez), Rogério Franz e Mário Nardi, com uma Mercedes-Benz 280S, 1969 (que homenageava a Red Pig da AMG). Esta dupla ganhadora é merecedora de todos os elogios, como esportistas. Deveria servir de exemplo para muitos que praticam rallye de regularidade histórica - sou um admirador destes caras. Bom, adoramos a presença do time do Rio Grande do Sul - que foi tratado com uma deferência especial e toda carinhosa (eu pessoalmente perguntava se estavam gostando, se precisavam de algo - nos desdobramos para agradar o seleto grupo).
Na verdade o Rallye 1000 Milhas Históricas Brasileiras, foi impecável na sua organização e no seu desenrolar. O MG Club do Brasil fez todo o esforço e competência para realizar essa prova impar no Brasil, que faz parte do calendário mundial da FIVA, realizado sob as regras da FIA-Historic Regualrity Rallies. Reconhecidamente por todos (participantes, outros clubes, imprensa especializada e FBVA), como o melhor e mais longo rallye histórico de regularidade praticado no Brasil. Claro que a cada ano tenta-se cometer o menor número de erros possíveis e criticas construtivas (e não levianas e gratuitas), são bem recebidas. 35 fornecedores ficaram envolvidos com o evento, que contava com um time técnico de 6 pessoas da Verde Rosso; um time de logística de 15 integrantes comandado pelo brilhante Zé Ricardo; secretaria móvel capitaneada pela Solange Gomes; apoio mecânico e de oficina móvel, comandado pelo incansável Nelson Galozzi. Esse apoio era sustentado pelos apoiadores Mercedes-Benz do Brasil e Toyota. Três profissionais de primeira linha e com mais de 30 anos de motorsport (de kart à F1), estavam presentes trabalhando junto a Organização do Rallye: como assessor de imprensa - João Alberto Otazu; como fotógrafo oficial - Claudio Laranjeira e como mecânico-chefe o Ferrerinha. A FOX Sports cobria o evento todos os dias, com o fito de se realizar um programa de 50 minutos, que será exibido no Brasil e América Latina (claro que outras emissoras locais, estiveram presentes como a Band e Globo). Nenhum rallye histórico de regularidade feito no Brasil é "ralizinho" como alguns mal informados e mal intencionados falam. Agora quem tem mais competência faz melhor.
Apesar do boicote escancarado de um grupo de indivíduos, que se esconde por detrás de um ótimo clube, o plantel dos carros inscritos estava - como nas outras edições - acima de todos os rallies praticados em solo brasileiro (cabe lembrar que na última prova do Campeonato Brasileiro de Rallye de Regularidade Histórica, havia apenas 4 inscritos - na primeira etapa apenas 2). Como se sabe, pelas regras o mínimo era de 20 carros e no no máximo 50 carros inscritos. Houve a inscrição efetiva de 49 carros (com reservas travadas nos hotéis). Deste número de inscritos houve 2 desistências (antecipadas - uma delas desfalcando o time do Rio Grande do Sul). O Tricampeão Nelson Piquet não participou com seu time de 6 carros, por ter ficado retido na Europa, depois do GP de F1 Histórico. Mais 3 carros não largaram por problemas profissionais com seus ocupantes. Outros 3 carros ficaram, no parque fechado da largada (2 por problemas técnicos e um por motivo de doença). O presidente do MG Club apesar de inscrito não fez o rallye, apenas compareceu na vistoria, com seu Jaguar MK2 3.8. Em compensação do troféu Espírito do Rallye ficou para o Mauricio Marx, que largou com sua "bombinha" - uma Romi-Iseta 1958, que quebrou a ponta de eixo traseiro no primeiro dia (ele depois, realizou o rallye, com um fantástico VW-Porsche 1914/6 com motor de 2.6 litros). O "Mau", como é conhecido além dessa proeza, ajudava quem precisava no decorrer do rallye (trocando desde um simples pneu, até realizar a instalação de um cabo de acelerador, no carro do time francês). O segundo troféu foi para o Robin Orloff, que se afastou da prova durante um dia, para trabalhar em outro estado, regressando a prova novamente no outro dia - numa incrível aventura logística. Fantástica a atitude dos dois - mereceram o premio do Espírito do Rallye. Times de Portugal e França se inscreveram e pagaram (não eram convidados - o presidente do MG Club do Brasil não deixou convidar qualquer estrangeiro), por ter visto a repercussão das 1000 Milhas Históricas Brasileiras na imprensa estrangeira. Fotos de Vera Lambiasi - Diretora Social do MG Club do Brasil.
Luis Cezar
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