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15.6.07

'55 Le Mans Crash -

Le Mans - 1955
A Corrida do Terror
(Le Mans Tragedy)



Uma dos acidentes mais fabulosos e mortais que o mundo do automobilismo presenciou, foi o ocorrido nas Vigésima Terceira edição das 24 horas de Le Mans de 1955, onde dezenas e dezenas de espectadores morreram num estúpido acidente. A marca foi tão forte, que o automobilismo de competição não foi o mesmo desde então. As corridas na Sarthe (a cidade de Le Mans fica no Departamento de Sarthe), tiveram seu início em 26 de maio de 1923. Essa competição foi formatada para uma corrida de endurance de carros esportivos e protótipios, com uma extensão de 13.650 kms, que usa o circuito Bugatti e de estrada normal (nacional), com curvas famosas, tais como a Tertre Rouge, Mulsanne, Arnage, Casa Branca e a reta Hunaudières (5 kms, onde falam que os protótipos atingem os 400 kph por um minuto inteiro). O recordista de vitórias foi obtido pelo dinamarquês Tom Kristensen (7 sucessivas), e o recorde de vitórias de construtores é da Porsche (19 é mole ou não?).



O acidente ocorreu em 11 de junho de 1955, onde 78 espectadores morreram. O piloto inglês Hawthorn estava indo para a linha dos boxes, e por pouco não colide com o carro de Lance Macklin, fazendo uma brusca manobra de desvio a sua esquerda, vindo a atingir o carro de Pierre Levegh, que passava por ele. O carro deste literalmente voa por cima do carro de Macklin, chocando-se contra a barreira feita como guard-rail, vindo a pegar fogo (o piloto francês morreu na hora da pior forma - queimado), já os pedaços do seu carro são espargidos pelo público presente.


Alguns fatos: A Equipe da Mercedes-Benz vencia naquele momento da corrida, com o inglês Stirling Moss e o argentino Juan Manuel Fangio, contudo, depois do acidente retirou seu carro da competição em respeito aos mortos. Aliás, a Mercedes-Benz retirou-se das competições depois deste acidente, só regressando em 1989; e, por esse acidente o automobilismo de velocidade é proibido no Território Suíço até hoje. Quatro GP de F1 foram cancelados, por causa deste acidente. Durante todos esses anos, ainda há quem defenda o provocador do acidente (Mike Hawthorn, dentro do seu Jaguar D Type), e de outro lado, uma enorme massa que condenam o piloto inglês por seu erro (3 anos depois, ele foi campeão de F1 e mesmo assim, tal fato não foi esquecido, aliás, esse campeonato de 1958 ele foi campeão com uma única vitória, contra as quatro de Stirling Moss, é isso ai...).


A Le Mans de 55, era para ser servida como pista de testes para a tecnologia aplicada na época, nos carros de corrida, em especial para algumas equipes, tais como a Jaguar (freios e aerodinâmica de chassis do D Type), Mercedes (tinha novidades, na aerodinâmica, nos freios a disco e no freio aerodinâmico, acionado como nos aviões modernos), Ferrari e MG (perfil baixo de chassis, e corpo de alumínio). A Mercedes-Benz estava presente com 3 carros modelos 300SLR (dois dos pilotos eram Fangio e Moss - aliás, conta-se que quando o Fangio foi entrar no carro, "encaixou por uma obra do acaso", a sua calça na alavanca do câmbio, o que lhe atrasou na largada). A MG estreiava na pista com os seus MGAs (eram 4 carros de alumínio, mas só 3 entraram na pista e só dois terminaram - um sofreu acidente e pegou fogo).


A Mercedes-Benz tinha um avançado e engenhoso sistema airbrake na 300 SLR, para bater os enormes disc-brake dos D-Types. Fangio e Moss pilotavam um dos Mercedes, já Karl Kling/Frenchman André Simon, e Pierre Levegh/John Fitch faziam as outras duplas. O estrategista da Jaguar, o team manager Lofty England, tinha como meta utilizar de todos os meios lícitos, para que o Hawthorn levasse esse título, sobre principalmente os novatos da Ferrari e da Mercedes (apesar que na equipe alemã, encontrava-se, nada mais que Fangio e Moss, que tinham toda a atenção do chefe Neubauer).



Um dos Mercedes-Benz era pilotado pelo francês Pierre Levegh (esse cara era um teimoso - na corrida de Le Mans de 1952, ele pilotou um Talbot por 22 horas, sem fazer o reverzamento obrigatório - até o carro quebrar - e dizem que o italiano é que é teimoso...). A pole feita pela Ferrari de Castellotti liderou a corrida por 15 longas voltas, com a preocupação de saber que Fangio e Hawthorn estavam na sua cola (todos girando em 4 minutos baixo, quase duro). Logo depois os dois passam pela Ferrai, dando um passeio. Na verdade o destino estava sendo traçado, que ocorreu na volta 34... momento esse, quando Hawthorn estava na ponta e estava chegando o momento exato de sua parada...



São 18:28hs do dia 11 de Junho de 1955 (ou seja, 2:28hs depois do início da prova), Fangio segue apenas 200 metros atrás de Hawthorn, perto da parte da pista chamado Maison Blanche. A história conta que Hawthorn vinha numa velocidade assustadora, e além de efetivamente sair da esquerda para a direita, tentou frear para entrar na linha do box (há a teoria que os freios do JAG fizeram um "degrau", tirando a concentração de Hawthorn, o que o fez frear mais ainda), quando nesse momento o Austin Healey 100S do britânico Lance Macklin, que vinha atrás, viu a traseira do D Type chegar bem perto, e sentiu que não conseguiria frear. Logo atrás vinham as duas Mercedes-Benz de Levegh e Fangio (o primeiro numa velocidade algo em torno de 230kph). Esse foi o momento fatal. Levegh encheu a lateral do Austin Healey e decolou na pista, indo parar algo de 50 metros depois do choque. Nessa capotada, é espargido para o público espectador, roda, pneu, câmbio, motor, diferencial, dentre outras peças. É importante chamar atenção, que Pierre Eugènne Alfred "Levegh" Bouillin, nascido em 1905, era um veterano nessa prova - já tinha pilotado em Le Mans, sendo um capeão (pilotou em 30, 39, 52, 53, 54 e no fatal 55). John Michael Lyons, irmão do chefão da Jaguar, Willian Lyons, morreu nesse dia quando um pedaço de uma barra lhe atingiu a cabeça.





O corpo que vai parar na pista, não é de um corredor (apesar que o piloto da Mercedes -Benz morreu nesse acidente, contudo, ele foi arremessado bem longe dali), mas sim de uma espectadora, que foi arremessada pelo choque de uma das peças voadoras (foi uma foto muito difundida, com um policial puxando o seu corpo, envolto numa faixa publicitária. Poucas pessoas morreram pisoteadas pelo pânico! 81 (alguns alegam que foram 78) espectadores morreram, e mais de 100 ficaram feridas. O Austin Healey atropelou dois espectadores, mas não se feriu no acidente.









E você pensa. A prova foi encerrada! Errado - Charles Faroux, diretor de prova, anunciou que a prova iria até o final... A Ferrari, pensou que teria carros bons, como ocorrera na prova anterior de Endurance, como a Mille Miglia, mas não durou muito nas 24 horas. As Mercedes-Benz de Fangio e Moss, que nunca ganharam um prova em Le Mans, ponteavam, sem serem atormentados pelos carros da Jaguar. Neubauer, chefe da equipe Mercedes, com o "Ok" do board da Mercedes-Benz (as 21:30 da noite, o Dr. Fritz Nallinger - chief engineer da Mercedes - deu essa autorização), resolve tirar seus carros da competição, depois da meia-noite do dia fatal, em homenagem ao evento danoso e vítimas em número assustador, dentre eles um dos seus pilotos. A mesma posição não foi seguida pela Jaguar (que no fundo, um dos seus pilotos, tinha dado início a tal série nefasta), onde Hawthorn e Ivor Bueb seguiram até o final, ganhando a prova.



A reconstrução, sobre a foto do local:

Para outras informações e imagens (eu deixei de mostrar uma montanha de imagens, que são fortes e aqui, convenhamos, não é um blog para mostrar isso):

http://www.jmfangio.org/gp1955lemans.htm http://chbastin.free.fr/dossiers/1955_accident/1955_accident.htm http://www.germaris.com/le_mans.html
http://www.ewilkins.com/wilko/lemans.htm http://www.motorsportmemorial.org/query.php?db=ct&q=year&n=1955 .

Quantos morreram afinal. Havia 250 mil espectadores, espalhados em todo o circuito, mas principalmente, defronte ao pit lane. A lista oficial é de 81 espectadores morreram (mais 9 no dia seguinte, nos hospitais), e 108 ficaram feridos (fala-se em mais de 150 feridos). 2 ingleses, 78 franceses e um belga. Essa é a informação oficial do Automobile Club de l'Ouest, que organiza até hoje as 24 Horas de Le Mans.

Tem livros que descrevem esse evento nos detalhes, como o de Michel Bonté:


John Fitch:


Graham Gauld: Ecurie Ecosse de 1992


Mike Hawthorn: Challenge Me The Race (1958)


Geoffrey Healey: The Healey Story (1994)


Christopher Hilton (2004)


Richard W. Jacobs: An MG Experience (1976)


Mark Kahn: Death Race (1976)


Chris Nixon: Mon Ami Mate (1991)


Brock Yates: Against Time And Death (2004)




Filminhos

Le Mans 1955 - 9:33

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Le Mans 55 - Disaster - 2:23


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Le Mans 55 - Reconstrução do acidente - 0:54

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Le Mans - Mike Hawthorn - o acidente e sua posterior morte - 4:21

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Le Mans - 1 ano depois - in car - Jaguar - 5:16

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Luis Cezar

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