Cores nos Carros de Corridas
Numa época de preto e branco
1903 Gordon Bennett Cup. Athy, Irlanda. Alexander Winton no seu Winton Bullet 2
Eu postei alguns artigos sobre as primeiras grandes corridas do início do século XX. E por incrível que pareça há uma enormidade de leitores que nem sabiam que existiam pilotos e mecânicos muito malucos, que faziam por exemplo Pequim-Paris naqueles carros da primeira década de 1900. Estas corridas "pré-históricas", ou como os ingleses chamam de heroic age, determinaram algo que ficou marcado para sempre, como por exemplo as cores dos carros. Há informes corretos sobre que as cores surgiram com a primeira Gordon Benett Cup de 14 de Junho de 1900, ''tida'' como a primeira corrida internacional (tida... mas outras corridas antes e contemporâneas, haviam pilotos de outras nacionalidades). As cores eram indicadas "oficialmente" para 4 nacionalidades (França azul, Bélgica amarelo, Alemanha branco e Estados Unidos vermelho - Inglaterra só foi colocada em 1903). Contudo, a obrigatoriedade veio com a corrida Vanderbilt Cup de 1904 - Essa corrida reunia 7 nações (Reino Unido, França, EUA, Bélgica, Áustria, Suíça e Itália) - foi feito um regulamento estabelecendo 3 carros por país e que tais competidores deveriam ser filiados a um determinado clube automobilistico (separavam os profissionais dos amadores), e foram estabelecidas as cores para os carros: O time inglês era verde (1 Napier e 2 Wolseley com pneus Dunlop); o time francês era azul claro (Brasier, Mors e Turcat-Méry com pneus Michelin); o time alemão era branco (2 Mercedes e 1 Opel-Darracq com pneus Continental); o time austríaco era preto e amarelo (3 Mercedes com pneus Continental); o time Belga era amarelo forte (3 Pipe com pneus Continental); e o time italiano era preto (3 FIAT com pneu Michelin). EUA era vermelho e Suíça era verde (estes dois times não fizeram parte da linha de largada).
Ok... notaram que o vermelho era dos EUA e não da Itália e o verde da Suíça se confundia com o verde inglês (dai colocarem no ano de 1905 o verde mais claro para a Suíça). As cores eram indicadas em 1900 e tornaram-se uma ''tradição'' 4 anos depois. Alguns países adotavam cores diversas entre carros do mesmo time (belga e francês, por exemplo). Apenas a título de curiosidade, a primeira Gordon foi de Paris-Lyon em 1900; a primeira Florio foi em 1904 (ainda não era Targa, que só ocorreu em 1906 - adotava, também, as cores); Pequim-Paris ocorreu em 1907; e, Nova Iorque-Paris ocorreu em 1908. Todas essas corridas tinham um carater de estraneidade, ou seja, muitos pilotos de nacionalidades diversas e todas elas tinham um carater internacional.
A partir dos anos 60 as cores dos patrocinadores começaram a influenciar nas cores dos carros de corrida, principalmente na F1 e nos rallies (lembro que as cores oficiais dos países ainda são mantidas nos carros conceitos). Mas as cores oficiais mesmo, foram obrigatoriamente conferidas com uma maior vigor na chamada pré-guerra anos 20-30. Mas nesta época houve uma mudança: adota-se o azul utilizado pela Bugatti para a França e o vermelho Alfa-Romeo e não o preto a Itália - e sem cor pintada, mas denominados de Flechas de Prata (alumínio escovado), passando os carros da Alemanha, a serem pintados de prata e não mais de branco (Audi e Mercedes-Benz nos anos 90 voltam a utilizar em seus carros a cor prata novamente; Porsche faz os mesmo nos anos 50-60; e nos mesmos anos 60 a BMW é toda prata). Essa história da flecha de prata (SilverArrow ), escovando-se o alumínio, foi feita de improviso, pois, numa das corridas fizeram essa escovação nas Mercedes-Benz e nos Auto Union, para colocar seus carros no peso oficial (a pintura branca pesava alguns quilos - isso ocorreu em 1932). O branco passa a ser designado para os Japão no pós-guerra.
Como já alertado a partir dos anos 60 os patrocinadores começam a ditar as cores para os carros, principalmente dos de F1. Em 1968 o Team Gunston foi o primeiro a utilizar as cores desta marca de cigarros (vide Brabham do John Love, no GP da África do Sul de F1). O British Racing Green é utilizado sempre por times privados, e nem sempre por times works. Há que se ressaltar que o Rosso Corsa da Ferrari, nem sempre foi uma unanimidade, pois, já usou a cor amarela (aliás, a cor oficial da Ferrari é o amarelo e preto, cores do brasão e do cavalinho). Não se esqueçam a Alitália nos Fiats/Lancias e Martini nas Lancias nos rallies, Gulf nos Porsches de Le Mans, e por ai vai.
E hoje, existe esta obrigatoriedade? Sim a FIA desde o final dos anos 60, mantém uma lista de como deve-se apresentar as cores nos carros de cada país. Assim sendo, o Brasil é representado, desde 1977 por uma cor amarela palha na carroceria, com rodas e chassis verdes e o número em preto (que horror). Quem quiser maiores informações busquem a lista com as iniciais dos países e das cores, no Motorsport Memorial: http://www.motorsportmemorial.org/misc/colours.php?db=ct
Luis Cezar
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