Ah... essa puga é a "bolinha" da vez! Para quem já teve a oportunidade de pilotar um carro desse (digo - o verdadeiro e não as réplicas que andam por ai, e no nosso caso sul-americano, aquelas feitas no Uruguai ou Argentina), é uma loucura. Carinhosamente chamado de "bolinha" ou de "pulga" (depende do país), anda muito. O Abarth-Fiat 850 e o 1000 TC (Turismo Competizione), são exemplos de que o carro preparado pela Abarth faz muita diferença (já havia um "up" com os modelos 595, 595SS, 695 e o 695SS) - a saga continuou com o OT 850, 1000, 1300, 1600 e 2000 (em tempo: OT quer dizer Omologato Turismo). Essa foi a melhor "química" realizada com uma conversão.
O início desta conversão foi realizada pela Abarth com o modelo 600 da Fiat - a característica maior era um largo radiador que tomava quase a frente toda acoplado a um spoiler, e a traseira aberta para ventilação do motor (é o que chamamos de Buzz-box performance e tail-happy), tudo para atender ao regulamento do Grupo 1 Touring. O 850 na verdade tinha 847cc, com 4 cilindros, onde os seus 47bhp atingiam os 4.800rpm; já o 1000 (982cc), gerava 112bhp a 8.200rpm, que atingia as 125mph (enquanto o 850 chegava a 81mph)!!! A produção limitada destas máquinas foi de 1960 a 1970 (não há ao certo, pelo sistema de arquivo da Abarth, quantos carros foram feitos e quantos ainda sobreviveram - como era um carro muito resistente, acredito que muitos sobreviveram, apesar de ser um carro de pista).
1000 TC
O OT 1600 (154bhp) e o OT 2000 (185bhp) atingiam, respectivamente 149mph e 151mph, todos a 7.200rpm (foram construídos de 64 a 71). Na verdade não estamos falando da FIAT mas da Abarth que, aliás, não precisa falar muito, pois, este nome está cravado no coração e no consciente de todo o amante do automobilista. Claro que outros modelos como o Abarth-Porsche-Corsa ou o mais popular que esse - o Abarth-Simca 1150, são carros muito interessantes (isso sem falar do Abarth-Fiat 124 Rally Spider que já foi objeto de um artigo neste blog), mas ficam para outra oportunidade os comentários (eu particularmente gosto do Abarth-Fiat 124, que foi um marco nos rallyes, assim como o Abarth-Sinca, foi nas pistas).
A história conta que o primeiro Fiat 600 enviado à Abarth foi no início de 1956, que foi convertido num 750 Abarth, que atingia os incríveis 130kph (o 600 nunca chegou a 100kph - girava entre 90 e 95kph)!!! Ele ia de 0 a 100 em 20 segundos (o 600 levava 55 segundos - um abismo). O primeiro 850 TC do início dos anos 60, tinha carburação Solex, sistema de freios e suspensão completamente modificados (aliás, o sistema de freios era agora no Abarth a disco). Em seguida (1962), é colocado nas pistas o 850 TC Nürburgring Corsa, com 62CV - esse modelo foi o primeiro a colocar um radiador (auxiliar), colocado na frente do carro - esse modelo atingia fácil, fácil os 180kph - ganhou inúmeras corridas em Nürburgring.
O 1000 surge em seguida, contudo, a série 2 do 1000TC só surgiu em 1964 - nessa série o radiador era maior pegando quase toda a parte frontal - dizem alguns que era para dar uma refrigeração melhor e ajudar na estabilidade (vide os spoilers dianteiros), além de se colocar hastes na tampa do motor, mantendo-a aberta. Essa série atingia os 190kph (alguns documentos chegam a afirmar que atingia-se os 200kph).
Em 1965 surge a série III (para mim o mais legal, pois, levava um para-choque de fibra de vidro, onde ficava o radiador de água e o de óleo). Tinha 80CV (7.400rpm), que atingia os 192kph e logo em seguida (mas logo mesmo), surge a série IV com 85CV a 7.600rpm - 195kph (algumas informações dão notícia que, tanto a série III como a IV, atingiam velocidade superior aos 200kph). Há uma turma que adora o modelo seguinte: 1000TC Radiale, que vinha com 2 carburadores Weber 40DCOE, com caixa de câmbio com 5 marchas e 106CV (o catálogo diz que atingia os 208kph). A prática demonstrou que os carburadores Weber de 40 eram insuficientes, dai colocavam o 42 a 45DCOE. A Abarth notou a tendência, e em 1970 modificou-se os carburadores, atingindo o 1000TC os incríveis 112CV a 8.200rpm - o catálogo diz que atingia-se os 215kph!!!
Por detrás da Abarth estava o emigrante austríaco Carlo ou Karl (Abarth), que morreu no dia 24 de outubro de 1979. Em 1971 ele transacionou a marca Abarth para a Fiat, com quem vinha trabalhando desde 1945. O símbolo escorpião vem do seu signo zodiacal. Ele era mecânico de uma fábrica de motos e com 19 anos, acabou sendo piloto de provas da mesma fábrica, e em 1939 acaba sendo piloto de pista desta mesma fábrica (em side-car). Nesse mesmo ano, teve um sério acidente, acabando com sua carreira. Monta em seguida, com seu pai, uma oficina na então Yougoslávia, voltando com ele para a Itália em 1946 (iriam negociar peças e material da Porsche). Teve um ótimo relacionamento com o Ferdinand e Ferry Porsche. Participa mais tarde de um projeto de F1 com o Cisitalia-Porsche de 12 cilindros (1.500cc). Ainda na Cisitalia, prepara carros de F2 para Nuvolari-Taruffi (Cisitalia 1100cc, em 1948, ano que a F2 passa para 2 litros). Nesta época sua oficina vende diversos acessórios, inclusive as famosas "marmitas", volantes, chassis tubulares, etc. (além da preparação de carros de corrida).
Em 1949/50 (alguns falam que foi em 49, outros em 50) - funda-se a Abarth & Co. S.p.A. em Turin. O primeiro trabalho contratado é para a Fiat, com a preparação das Berlines 600 (surgindo os 750, 850 e 1000 TC). Teve colaboração da Pinifarina, para a construção do carro que lhe deu o recorde de velocidade, assim como teve colaboração da Simca, na construção de um protótipo GT e nos monopostos de F3 e F2.
A empresa do Carlo Abarth foi montada em 1949, e fez o seu racing début com um 204 A roadster, baseado no Fiat 1100, ganhando logo de cara o campeonato italiano de F2. Esse foi o início da saga da legenda Scorpion. Em 56 no circuito de Monza, no dia 18 de junho foi batido o recorde de 24 horas (3743kms), numa média de 155kph. Em 27-29 de junho, no mesmo circuito mais um recorde nas 5 mil e nas 10 mil milhas (48 e 72 horas). Esses recordes foram com um Fiat Bertone (Abarth) 750. Foi capa da Das Auto Motor und Sport. Em 56 surge o Abarth-Fiat 750 Zagato e o 750GT Zagato. Em 11 e 12 de maio de 1957, na 24a Mille Miglia há a inscrição de nada mais e nada mais do que 20 Scorpions 750 (16 terminaram a corrida). Em 58 chega ao mercado o Fiat 500 - Abarth faz parceria com a Fiat e... mais vitórias - apenas para citar: 10 recordes mundiais, 133 recordes internacionais e mais de 10.000 (repito) Dez Mil vitórias em pista!!! Dez Mil!!!
Os anos 60 foram os anos de ouro para a Abarth. Seu nome simbolizava velocidade, coragem, performance e modificação realizado a partir de um modelo de fábrica. O 850TC ganha em todos os circuitos internacionais, inclusive no difícil circuito de Nurburgring, isso sem contar com as inúmeras vitórias do Abarth-Fiat 1000 berlina e o 2300S, com recordes e recordes em Monza (sob qualquer condição climática). Em 65 bate o recorde com um Abarth 1000 single-seater na Classe G (105hp). Ganha, também, na classe 2000cc (isso sem contar com os ótimos resultados em rallye com o Ritmo Abarth e o 131, ganhando o Campeonato Mundial de Rallye em 77 e 78 com Markku Alen e em 80 com Walter Röhrl). A Abarth ainda existe? Visite a Abarth Racing Team, localizada numa área de 23 mil m2, com 100 empregados, localizada na fábrica da Fiat - em Mirafiori (conhecida como Oficina 83) - fica no mesmo Centro Stile da Fiat. Tem o departamento de competição, desenvolvimento de protótipos e modificação de carros standard. Neste prédio tem o Wall of Fame, com os 750, 850 e os 1000 TC mais representativos.
Abarth Radiale
Ele era um gênio - em 1966 ele constrói um motor de 12 cilindros em V de 6 litros (com 600CV) - em 67 se concentra num motor V8 de 3 litros, além de cuidar do projeto dos 850 e 1000 TC. Em 1971, após ceder sua marca à Fiat, Abarth cedeu seu departamento de competição a Enzo Osella, concessionário da marca, que depois desenvolveu as barquetas de 2 litros (Abarth-Osella - campeões europeus em 1972, com Merzario). Com o Abarth-Fiat 1000TC ganha inúmeras provas em Turismo, principalmente com E. Swart (1965), com Baghetti (1966), Kaushen (1967) e Pam (1969). Campeão europeu de subida de montanha com Merzario em 1969, depois, com Johannes Ortner (o mesmo em 70 e 71).
Fiat Abarth 1000 TC Radiale (112 bhp)
850 TC
1000TCR de 95CV
1000TCR de 112CV
1000 TC - 1966
Fotos do 1000 TC
Fotos do 850
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