Historic Rallye - The most essential item of equipment is a sense of humour!

14.12.12

Dodge Polara GLS = Hillman Avenger GT

O brasileiro não valoriza o que tem - isso é sabido de há muito - o ditado ainda é correto: a galinha do vizinho é melhor... ou: o jardim do vizinho é mais verde - e por ai vai. Se você for verificar as provas de de rallye históricos no Brasil: alguns carros tidos como nacionais são renegados, e tais carros fazem sucesso nos rallies históricos fora do Brasil, ou fizeram sucesso no passado. O VW Sedan (homologado FIA), fez sucesso tanto em rallies alpinos, como e mais precisamente, nos rallies africanos antes de 1960 até 1965. O Chevette (homologado FIA como Opel Kadett C), ainda faz um imenso sucesso tanto no histórico, como no passado (e lembrem-se que esse carro foi lançado 6 meses antes no Brasil, do que na Alemanha ou no Reino Unido - claro - há um determinado modelo alemão e outro inglês, que diferem na motorização, mas é só). O Puma participou de duas provas internacionais FIA, como o Rallye da TAP em Portugal, do Rallye do Chaco no Paraguai e no Rallye da Integração Nacional (endurance - Brasil), e nunca a fábrica se preocupou em fazer a sua homologação na FIA.
E o mais esquecido deles - Dodge 1800, depois, rebatizado de Dodge Polara, tem homologação FIA como Hillman Avenger GT, foi campeão no primeiro rallye sob regras da FIA no Brasil e... sumiu! Quando qualquer um destes carros aparece nos rallies brasileiros, os organizadores torcem o nariz (bom, tem alguns locais que para encher o rallye, coloca-se todo o tipo de carro).
Well... famos falar um pouco do Polara GLS, que tem seu DNA retirado diretamente do Hillman Avenger GT (aliás o Chevette - é um carro de plataforma mundial), que por sua vez, deu lugar ao Sunbeam Talbot Lotus (calma lá... não vamos transformar o Polara num Talbot, mas aquele é pai deste). O Hillman Avenger era um modelo mundial (T Car - world car), lançado no Reino Unido em fevereiro de 1970 (foi o primeiro carro desenvolvido pela Rootes, depois de que a Chrysler assumiu o grupo em 67. Esse carro foi influenciado pelo Coke Bottle com um semi-fastback. O motor de lançamento foi o de 1.200, passando depois para 1.500 - ambos de 4 cilindros. Ele deu uma melhorada na série Hunter (ganhando até mesmo alguns rallyes internos na Inglaterra e Escócia). Na verdade esse modelo concorria lá no Reino Unido com o Ford Escort e o Vauxhall Viva. Nos EUA tal modelo foi lançado como Plymouth Cricket. Tanto nos EUA como no Reino Unido, o carro tinha lugares que a ferrugem era sua principal inimiga. Mas, por incrível que pareça, aqui no Brasil não.
Em março de 1972 veio um modelo que agradaria os competidores de rallye e de pista - em homenagem ao famoso Sunbeam Tiger, lançaram o Avenger Tiger, modificado pelo Chrysler Competitions Centre (under Des O'Dell). Tinha o motor do 1500 GT, com dois carburadores Weber e compressão de 9.4:1 (92.5 DIN/bhp a 6.100rpm). Suspensão dianteira, freios, suspensão traseira e a caixa de câmbio, tiveram um upgrade. Esse carro atingia os 174km/h, tendo como rival do fabuloso Ford Escort Mexico. Dizem (eles não sabem ao certo e pelo que apurei, nem o Departamento de Competições da Chrysler tem esse número exato), foram fabricados 200 unidades deste modelo. Há inúmeras réplicas, feitas na Inglaterra, Austrália e Argentina, deste carro que tinha a denominação de MK1. O MK2 foi produzido em outubro de 1972 (há referência que foram feitas 400 unidades). Em 1976 eles passam a adotar o facelift (atingindo o modelo a ser lançado no Brasil).
No WRC realizado no Brasil, quando o Talbot Sunbeam Lotus foi o campeão mundial
Com a crescente pressão de outros modelos no mercado, como o VW Golf, Renault 14, Fiat Ritmo e o Strada, todos com tração dianteira, a Chrysler perde mercado e suas finanças vão muito mal. Em 1978 (até mesmo por reflexo da crise do petróleo 4 anos antes na matriz), a Crhysler Europe quebra e é incorporada pela Peugeot. Esta que detinha a marca Talbot, dá uma nova roupagem ao Avenger, colocando o nome de Sunbeam e... motor de Peugeot? Claro que não, para agradar os ingleses mais ainda, chama a Lotus para colocar o seu famoso motor (agora na geração 3 de 2.2 litros). Ou seja, ficou um tanque de guerra muito rápido. Feio, mas rápido. Resultado: nas mãos de um time experiente o Talbot Sunbeam Lotus ganha o World Rally Championship em 1981 (O Sunbeam Talbot Lotus, teve sucesso nas mãos de Henri Toivonen/Paul White e Guy Frequelin/Jean Todt)!!!
O Avenger tem uma lista de sucessos no BTCC (British Touring Car Championship; nos EUA um Plymouth Cricket pilotado por Scott Harvey, ganha o Press on Regardless Rally de 1971; na Irlanda do Norte Robin Eyre-Maunsell ganha o Britisch Group 1 Rally Championship em 1975 e em 1976; o piloto escocês Andrew Cowan ganha em 1976, o Rally of New Zealand, com um motor do Dodginho (1.800). Enquanto isso no Brasil, o Dodge Polara do Mário Poppe Pacheco e do Armindo Jotta da Equipe Chambord Auto, ganha no Grupo 1, Classe C o Rali de Campos do Jordão, a primeira prova sob regras FIA, realizada no Brasil.
O Polara foi fabricado no Brasil entre os anos de 1973 a 1981 (92.665 unidades). O Hillman Avenger GT foi tropicalizado, para se adaptar ao Brasil, recebendo motor de maior cilindrada, por causa da gasolina brasileira (1800cc) e uma suspensão mais robusta (já era um carro com ótimo nivel no crash-test). Foi rebatizado de Dodge 1800 e apresentado no VIII Salão do Automóvel em novembro de 1972. Nasceu com duas portas. Em 1977 (depois que foram corrigidos todos os defeitos do Dodginho), sua potência passou para 82cv e acabou sendo eleito o carro do ano pela revista Autoesporte. Em 1980 foi lançado o GLS (o melhor dos Dodginhos), e a produção encerrou em 1981 (a VW comprou o controle da Chrysler e passou a fabricar apenas caminhões - na Argentina a produção foi até 1990). A versão GLS tinha bancos com encosto de cabeça integrado, um painel de instrumentos Veglia (bem precisos para fazer rallye de regularidade, por sinal), tinha carburador vertical de corpo duplo da Weber e compressão de 8:1, com 90cv (155km/h), com pneus radiais 165/80 montados no aro 13. Tenho projeto de fábrica, tanto para esse motor, como para o motor Lotus que equipou o seu filho Sunbeam-Talbot, com um câmbio de 5 velocidades. 2 foram feitos ... but... desapareceram.



Luis Cezar

2 comentários:

Arturo disse...

Caro Luiz, tenho um vizinho que tem um Polara 1978, muito bonito por sinal, ao visita-lo, notei que a carburacao SU foi trocada por uma dupla Solex 40, que segundo ele, é um kit original e deixa o carro um foguete. Gostaria de saber se o veneno dos Polaras de rali possuiam tambem essa configuracao, ou usavam as Weber italianas. Grato!

Luis Cesar disse...

Arturo
Os ingleses, rebaixavam os cabeçote, usavam um pistão modificado, um comando acima dos 300 graus, válvulas maiores mas com o mesmo peso, escapes dimensionados, contudo, os carburadores para rallies de média e longa distância eram mantidos os SUs (maiores iguais a do Jaguar), com agulhas mais finas. A suspensão, essa sim era alterada. O câmbio era o de 5 marchas, igual oa usado na Argentina. Rodas mais leves. A velocidade realmente chegou com o Sunbeam-Talbot Lotus irmão dele. Quanto ao Solex - não tem mais peça - use os 40 Weber novos (espanhóis ou chineses - são os únicos que ainda fazem tal carburador).
Abs
Luis Cezar