C'Ship de Carros Histórico Brasileiro

Campeonato Brasileiro de Carros Históricos

A Federação Brasileira de Veículos Antigos quer realizar um campeonato brasileiro de rallye histórico. Idéia aventada inicialmente por mim e pelo Rosário Veppo do Classic Car Club do RS, de há muito (inclusive, cheguei a planejar alguma coisa com o Zé Aurélio, ex-presidente da FBVA, antes de sua morte). Muito bem!

Acontece que a fórmula adotada não agradou a todos. Pelo que eu entendi a FBVA por ela ou através de terceiros, iria captar um determinado numerário, seja ele por patrocínio, seja ele por incentivo fiscal. Receberia o líquido e repassaria uma pequena parte deste numerário para os clubes, organizadores das provas, a saber: MG Club do Brasil (SP), Veteran Car Club (RJ), Veteran Car Club (MG) e Classi Car Club (RS). Estes clubes não estão dotados juridicamente, para dar recibos e contabilizar importes vindo de incentivo fiscal (poderiam receber importes vindo de patrocínios). Nenhum clube de antigomobilismo é uma OSIP (Organização Social de Interesse Público), ou uma Ong que pode se associar a entidade governamental ou privada, obtendo recursos (ganha-se um selo do Ministério da Justiça para isso, mas assumem-se determinadas responsabilidades). As receitas de inscrição ficariam para os clubes, mas não ficou claro se estes poderiam buscar patrocínios individuais, e se estes não se chocariam com os impostos pela FBVA.

Seria assim realizado o C’Ship em base geral:

- Seriam escolhidos os principais eventos dos clubes, como provas válidas ao campeonato (calendário mesmo existe somente no MG Club, que realiza rallyes há mais de 20 anos, e no CCC-RS que realiza provas há mais de 8 anos – VCCRJ e VCCMG não tem tradição em provas de rallye histórico).

- 15 duplas inscritas por clube seria o máximo admitido, nas provas (que se inscreveriam no início do ano). No total seriam 60 entradas no C’Ship.

- Haveria um regulamento específico para este C’Ship. Que sequer foi discutido entre os participantes.

Ou seja, você se inscreveria com seu carro, antecipadamente, e pagaria uma determinada taxa. Deve percorrer o circuito nas datas marcadas: Vamos a uma conta simples e com valores médios para cada evento (dupla): R$ 500,00 de inscrição; R$ 1.500,00 de diárias; R$ 400,00 óleo e combustível; R$ 1.800,00 carreta; R$ 300,00 alimentação extra e pedágios; R$ 1.600,00 de passagens aéreas. Representa um pouco mais de 6.000 Reais por evento (multiplicado por 3, já que algumas despesas os locais não vão arcar, sai entre 18.000 a 22.000 Reais por ano). Calcula-se (a grosso modo), que somente entre 9 a 15 carros e não 60, participariam deste evento (aqueles teriam tempo e $ suficiente para todo o campeonato, sem subsídios). O evento já é considerado, por mim, natimorto.

Bom... Vejamos:

- A questão de receitas e numerário vindo com um determinado fim, não ficou bem claro, pelo contrário, está muito confuso e não transparente;
- Sequer há um regulamento decente e específico para esse C’Ship, que pode se chocar com os regulamentos impostos às provas, dos clubes envolvidos. Esse regulamento deveria ser um regulamento da FBVA e adotado em suas diretrizes, por todos os clubes, como acontece em provas da FIA Historic e nas provas sob o manto da FIVA (sempre é bom lembrar que a FIVA não tem parâmetros positivados para provas de rallye, utilizando regulamento FIA);
- Os clubes podem fazer rallyes FIVA e/ou FIA, sem precisar da FBVA e sem precisar se comprometer com um C’Ship. Quem iria ter todo o trabalho com a arquitetura do evento, seriam os Clubes e não a FBVA;
- Quais os países europeus que realizam C’Ships, para termos um bom exemplo? Aguardo a resposta... estou aguardando... vamos lá... não esmoreça... tenha fé... vamos... Organizações e clubes realizam os seus próprios campeonatos regionais e nacionais.

Minha sugestão geral:

- Ter um regulamento esportivo da FBVA, que deveria ser imposto a todos os clubes (esse regulamento deveria ser colocado em discussão por clubes que tenham prática nesse tipo de evento). Se a FBVA quiser, posso enviar um no padrão FIA e FIVA. Com isso, não haveria conflito de regras;
- As inscrições seriam não de duplas, mas de Times, assim, se um integrante não pudesse comparecer, outro entraria no TIME;
- Deveria haver subsídio integral da FBVA na logística (carreta). Para 15 carros a FBVA deveria arcar entre R$ 110.000,00 a R$ 115.000,00 por ano (seguro e transporte);
- Deveria haver um subsídio parcial (50%), da FBVA nas despesas com levantamento de trajetos, oficinas, hospitais e hotéis, onde passaria o rallye;
- O calendário poderia ser mais flexível, tendo em vista não ser os competidores profissionais. O Classic e o MG realizam em média 4 provas fixas por ano. Com um regulamento padrão, todas essas provas, para os pré-inscritos no C’Ship poderiam valer para o campeonato. Assim, se for perdido uma prova, o Time poderia participar de outra em SP ou RS, deixando RJ e MG como datas fixas (limitando essa flexibilidade a apenas 2 provas);
- A FBVA deveria destinar uma determinada verba aos Clubes, sem vincular com o que foi captado, para que estes organizem o evento;
- A FBVA deveria escolher um determinado evento para inscrevê-lo como rallye oficial FIA e outro FIVA (pode ser o mesmo), com inclusão no calendário mundial, abrindo 15 vagas para estrangeiros;
- A FBVA deveria colocar como responsável, não apenas um diretor ou conselheiro, que realmente entendesse de rallye histórico, para centralizar essa atividade, mas uma diretoria de pelo menos 4 integrantes, que estariam presentes em todos os eventos (um deles, como co-diretor de prova, junto com o diretor de prova local); e,
- A premiação deveria ser em evento festivo, bancado pela FBVA, tendo como convidados os 3 melhores Times de cada categoria.

Notou, como a coisa é fácil.

Luis Cezar