Historic Rallye - The most essential item of equipment is a sense of humour!

11.9.10

Primeiro Rallye sob regras FIA - Brasil

Primeiro Rallye de Velocidade

 

O CPR (Clube Porto Alegre de Rallye), publicou a alguns anos um painel sobre o Rallye Pirelli - Campos do Jordão, relalizado em 1978. Esse post é reproduzido em outros sites. É uma história muito legal, com a liceça de meus amigos gaúchos, repasso tal post:


(05/08/1978) O PRIMEIRO RALLYE DE VELOCIDADE - TIPO F.I.A. NO BRASIL
O PRIMEIRO RALLYE DE VELOCIDADE - TIPO F.I.A. NO BRASIL

"Esses 100 quilômetros valeram mais do que todos os Rallyes em que eu corri" – comentava Eduardo Gomes, o Dedê, depois de ter sido proclamado vencedor geral do RALLYE PIRELLI - CAMPOS DO JORDÃO, o primeiro realizado no Brasil de acordo com a regulamentação da Federação Internacional do Automóvel - F.I.A.


O Fiat 147 N° 444 do Grupo I – Classe A (Standard) da dupla paulista Eduardo Gomes/Luis Cagnoni da Equipe Milano /Resil foi o vencedor do RALLYE PIRELLI – CAMPOS DO JORDÃO

Foi essa a primeira experiência feita pelo Automóvel Clube Paulista - A.C.P no sentido de trazer para o Brasil uma prova internacional de Rallye, o que deverá se repetir em 1979. A prova foi disputada nos dias 5 e 6, primeiro fim de semana do mês de agosto de 1978. Há cerca de dois anos (em 1976) os Rallyes de Regularidade passaram por uma mudança que os tornaram excessivamente velozes para o tipo de modalidade, mas ainda lentos para serem considerados Rallyes do tipo adotado na Europa, aqui chamado Rallye F.I.A.

Um dos maiores entusiastas da idéia do Rallye Velocidade era o piloto Roberto Rocha, o mais experiente organizador paulista de Rallyes de Regularidade, mas sem “Know How” de provas do tipo F.I.A., nas quais o mais importante para um bom resultado dividi-se entre habilidade do piloto, os avisos certos do navegador e a resistência do carro. Porém, com a chegada ao Brasil de vários desportistas portugueses apaixonados pelos Rallyes de Velocidade, a modalidade adotada em Portugal, a situação começou a mudar. Roberto Rocha então se ligou a Francisco Santos, misto de jornalista, publicitário e organizador, e ambos começaram há dois anos, a trabalhar em um Rallye Internacional, tipo F.I.A, com mil quilômetros de percurso. Porém, o corte de combustível para as competições abalou também a viabilidade desta prova mas, ao invés de desistirem, os dois decidiram adaptar a prova às possibilidades que existiam no momento, ou seja, um máximo de 100 quilômetros. Com isso, não seria possível atrair participantes estrangeiros, e a prova ganhou caráter nacional.

A ORGANIZAÇÃO
Contando com o apoio do Automóvel Clube Paulista- A.C.P e da Federação Paulista de Automobilismo – F.P.A, os dois organizadores saíram em busca de um patrocinador. A Pneus Pirelli, tradicionalmente ligada aos Rallyes, aceitou o patrocínio ante a possibilidade de um bom retorno publicitário para seu investimento. Francisco Santos e Roberto Rocha decidiram então realizar a prova em Campos do Jordão e não foram poucos os motivos que tinham para esta escolha. Por ser uma cidade de estância climática - hidromineral, essencialmente turística, adaptava-se bem ao tipo de evento, também intrinsecamente ligado ao turismo. Também oferecia uma estrutura hoteleira coerente com a competição, e a topografia de cidade serrana (1628 metros de altitude) é ideal para Rallyes de velocidade. Outros aspectos também a apontavam como o melhor lugar, como o fato de estar a meio caminho entre Rio de Janeiro (303 km) e São Paulo (181 Km) e de haver maiores possibilidades de fechar algumas estradas sem perturbar o tráfego, já que para cada estrada há muitas variantes, quase nas mesmas condições. Foram então feitos, com muita antecedência, os contatos com o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, em Brasília, que se mostrou pronto a dar o apoio necessário e com o Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo, sem a qual não seria possível nem se pensar em fechar uma estrada. A Policia Militar cedeu, para o dia da competição, nada menos de 150 soldados para serem espalhados, pelos 60 quilômetros do percurso, o que significava um guarda a quase cada 500 metros.

Deve-se registrar, que a organização esteve perfeita, sem um único senão. Todos os cuidados, visando à segurança das duplas inscritas, foram tomados. No dia da prova, havia vários carros rádio patrulha e quatro viaturas leves do Corpo de Bombeiros além de um carro guincho. No início de cada trecho cronometrado estava uma ambulância pronta para levar ao Hospital (Santa Casa) de Campos do Jordão, onde havia pessoal de plantão especialmente para a competição, os eventuais acidentados, o que, felizmente, não foi necessário.Toda a estrutura de segurança se localizava nos pontos estratégicos do roteiro. Outra colaboração extremamente valiosa foi a dos Clubes de PX, quase 60 radioamadores da Faixa do Cidadão de Campos do Jordão e Pindamonhangaba, que mantinham contato continuo entre si e com os carros de Roberto Rocha e Francisco Santos, ambos equipados com rádios, assim como o centro de organização da prova localizado no Tênis Clube de Campos do Jordão. O próprio delegado de Polícia de Pindamonhangaba, Sr. Bitencourt estava com seu Chevrolet Opala no Pico do Itapeva, com dois rádios instalados no carro, fazendo quase que um “meio-de-campo” entre os diversos setores, um PX e um SSB –Single Side Band de longo alcance. Falava em um canal com determinado posto e na outra mão tinha outro microfone em que já retransmitia ou procurava determinada pessoa em um trabalho incessante o dia inteiro. Assim, era imediato o contato e as providências com os setores necessários, em caso de acidente. Felizmente, nada de mais grave ocorreu, limitando-se os danos a materiais, por choques contra barrancos e ou pedras. O maior sucesso do evento foi sua repercussão na imprensa, noticias publicadas em um espaço total avaliado em US$ 144.200,00.

A PROVA
Os 100 quilômetros da prova foram percorridos em estradas de terra e asfalto, com oito trechos (quatro na ida - 1° etapa, quatro na volta - 2° etapa) onde a velocidade era livre, contra o relógio. Justamente nesses trechos é que os Rallyes desse tipo costumam serem decididos, valendo então a potência e a resistência do carro, e a perícia do piloto, para perder o menor tempo possível. Inscreveram-se 42 carros e largaram 37.

Os carros foram divididos em:
Grupo I – Veículos Sem Preparação – “Standard” (equivalente ao Grupo I da F.I.A - Veículos de Turismo de Série) divididos em três classes de cilindrada:
Classe A – até 1300 cm³
Classe B – de 1301 cm³ até 1600 cm³
Classe C – acima de 1601 cm³

Grupo II - Veículos Com Preparação Livre divididos em duas classes de cilindrada:
Classe E – até 1300 cm³
Classe F – de 1301 cm³ a 2000 cm³

PRÓLOGO – PROVA COMPLEMENTAR NÚMERO UM
O sábado amanheceu límpido em Campos do Jordão, apenas muito frio, aponto de ser necessário às sete horas da manhã, jogar água quente nos vidros dos carros a fim de tirar o gelo. Como a Prova Complementar N° 1, que serviria para definição da ordem de largada, teria inicio às nove horas, as estradas e acessos que levam ao Pico do Itapeva com 1950 metros de altitude, seriam fechadas as sete e meia isolando o roteiro. Com isto à movimentação iniciou cedo, com o público procurando os melhores locais para assistir a passagem dos concorrentes. Uma hora antes do inicio, dois carros com dirigentes do Rallye percorreram todo o trecho, verificando se ninguém, seja da imprensa ou espectador, estacionaram seu veículo em local que poderia oferecer riscos aos participantes. E somente depois da passagem do último concorrente, este mesmo carro percorria com o Diretor da Prova, novamente o roteiro, e só após isso eram liberadas as estradas. Tal procedimento seria realizado em todas as outras três etapas, pois o intervalo entre uma e outra era de algumas horas.

A classificação desta Prova Complementar veio confirmar que a prova poderia ser decidida entre dois volantes portugueses, com carros de preparação livre: Mário Figueiredo tendo como navegador o paulista José Ivo Leite e Antônio Martorell navegado por seu irmão Ricardo Martorell. Como os dois pilotos são rivais desde Portugal, têm experiência neste tipo de Rallye e contavam com carros potentes, só mesmo se ambos quebrassem, os resultados seriam diferentes. O melhor tempo foi conseguido pelo Volkswagen Passat TS de 1800 cm³ (Grupo II - Classe F) N° 402 da Equipe Sorana de Mário Figueiredo/José Ivo de Souza Leite com 9 minutos e 34 segundos sendo o primeiro carro a largar na etapa inicial. Em segundo ficou o Dodge Polara (Grupo II – Classe F) do Polara Team de Antônio Martorell/Ricardo Martorell com 9 minutos e 43 segundos. A dupla gaúcha Ernesto Alexandre Farina/Carlos Alberto Farina com um Volkswagen Passat TS N° 213 da Equipe Gaúcha Car fez o quinto melhor tempo na geral (9minutos e 54 segundos), mas ficou em primeiro no Grupo I - Classe B.


Ernesto Farina/Carlos Farina durante a Prova Complementar Número Um, quando marcaram o quinto melhor tempo na geral e primeiro no Grupo I – Classe B.

Os companheiros de Equipe dos primos Farina, Marcelo Aiquel/Silvio Klein ficaram em oitavo lugar na geral e em terceiro no Grupo I – Classe B com o tempo de 10 minutos e 09 segundos.


Aiquel/Klein durante a disputa da Prova Complementar Número Um que definia a ordem de largada para a 1° Etapa do Rallye.

A outra dupla da Equipe Gaúcha Car formada por Jorge Raimundo Fleck/Ronaldo Fróes Monteiro com o Volkswagen Passat TS N° 212 (Grupo I – Classe B), apesar de serem apontados como um dos favoritos, não teve muita sorte nesta Primeira Prova Complementar. Com apenas oito quilômetros disputados, quase ao final da prova de classificação, quebrou a ponta de eixo traseira direita após o choque com uma pedra, em plena “curva da ferradura” justamente no local em que se encontrava a imprensa convidada. O carro perdeu a roda traseira direita e prosseguiu por mais alguns metros, apenas em três rodas. Como esta prova era eliminatória, mesmo sendo de imediato trocado todo o eixo traseiro a dupla não pode largar na primeira etapa. Outros quatro carros foram eliminados nesta Primeira Prova Complementar.


Uma foto de dar prêmio: momento exato em que a roda começa a separar-se do carro de Fleck/Monteiro.


Aqui a roda corre livre em direção ao barranco, com o eixo arrastando no chão.

1° ETAPA
O roteiro da etapa compreendia: Ferradura, Fojo, Imbiri, Vale Encantado, Vale do Baú, José da Rosa, São José e chegada em Melo, retornado ao Parque Fechado do Tênis Clube de Campos do Jordão. Esta primeira etapa foi disputada “lomba abaixo” ou seja em descida de serra. Os trechos escolhidos tinham 60 quilômetros em estradas de terra, cheia de pedras. Na verdade, o local foi mal escolhido, já que exigia demais dos carros, e as equipes, sem experiência anterior neste tipo de competição, não sabiam exatamente que preparação dar aos carros (a grande maioria oriunda de provas de regularidade), o que acabou reduzindo bastante o número de “sobreviventes” ao longo da prova. Ás 12 horas e 30 minutos, largou o primeiro carro de Mário Figueiredo e José Ivo Leite que não completaria esta primeira etapa por terem quebrado a ponta de eixo e perdido uma roda traseira. Comprovando suas qualidades de piloto e navegador, os tricampeões brasileiros, primos Farina, foram os primeiros a chegar ao final, liderando o Rallye.


Os primos Farina estavam liderando ao final da Primeira Etapa da prova.

Seus companheiros de Equipe Gaúcha Car, Marcelo Aiquel/Silvio Klein furaram um pneu passando no terceiro prime de três a quatro minutos atrasados, mas no quarto e último prime da etapa “zeraram”, conseguindo a recuperação do tempo perdido.


Aiquel/Klein em “busca do tempo perdido” devido a um pneu furado na Primeira Etapa.

Dos 37 carros que largaram, 25 conseguiram completar o percurso. A causa da maioria das desistências foram às batidas nos b arrancos, após derrapagens nas fechadas curvas do roteiro. A dupla de irmãos portugueses Antônio e Ricardo Martorell perdeu a cartela de controle horário e a penalização prevista para este caso era a desclassificação. Apesar de largar entre os quatro melhores tempos a dupla paulista Walter Alves Viera/Ricardo Costa com o Volkswagen Passat TS N° 407 (Grupo I – Classe B) da Equipe Itaim Motor abandonou a etapa e a prova devido ao motor fundido. Outro abandono da “Esquadra” dos Volkswagen Passat TS foi da dupla paulista Alfredo Gerbelli/Ronaldo Wickbold com o carro N° 406 da Equipe Sorana.


O Passat TS da dupla Gerbelli/Wickbold em um dos vários “saltos” da Primeira Etapa.

Uma dupla de destaque que abandonou nesta etapa foi à formada pelos paulistas Jan J. Hendrik Balder/Eric Maccario com o Dodge Polara 1800 N° 425 (Grupo I – Classe C) da Equipe Janda que teve a transmissão quebrada. Outro piloto de nome que participou deste RALLYE PIRELLI - CAMPOS DO JORDÃO foi Marcos Troncon que foi Campeão Brasileiro de Fórmula Volkswagen 1600 em 1974 e atualmente corre na Equipe Philips na mesma categoria. Ele terminou a primeira etapa em 16° lugar correndo em dupla com o navegador José Zacharias.


A dupla paulista Troncon/Zacharias com o Dodge Polara 1800 N° 430 (Grupo I – Classe C) conseguiu completar a Primeira Etapa em 16° Lugar.

É interessante notar que os Fiat 147, tanto do Grupo I (Standard) como do Grupo II (Preparados), já demonstravam que teriam enormes chances de uma boa classificação. Mais leves, menores, adaptando-se perfeitamente a sinuosidade das estradas.


O Fiat 147 N° 433 de Castanho/Soares começava a se destacar na prova, ao termino da Primeira Etapa.

O roteiro apesar de bastante perigoso, não mereceu maior critica, apenas com alguns pilotos destacando os cinco ou seis quilômetros da descida sobre as rochas do Vale do Baú. Walter Martins piloto do Fiat 147 N° 405 dizia ao final da etapa: “a estrada tem 1,5 a 2 metros de largura, pura pedra e até de cavalo era difícil andar por ali...”.


O Volkswagen Brasília - Grupo II (preparada) – Classe F dos paulistas Ricardo Fattinger/Roberto Lazzarini foi um dos vinte e cinco carros que conseguiram terminar a Primeira Etapa da prova.

O trabalho dos PX’s de Campos do Jordão e Pindamonhangaba foi decisivo quando, uma ponte em precárias condições, na Represa do Fojo, após a segunda passagem dos carros, apresentava risco de cair. Imediatamente eles entraram em contato com os organizadores e a Direção da Prova decidiu fazer sua reconstrução, apesar disso atrasar um pouco a prova. Mas a segurança dos pilotos precisava ser assegurada. Assim o próprio delegado de policia de Pindamonhangaba, Sr. Bittencourt, junto com o Diretor de Prova Adjunto Roberto Rocha, empunharam martelos, serrotes e, afirmam: “em apenas uma hora e meia fizeram um serviço melhor que a Prefeitura...” Ao menos a ponte não caiu mais...

2° ETAPA
Com apenas 25 carros ainda em condições de prosseguir, foi autorizada a segunda largada, quando os carros enfrentariam o duro trecho de rochas, agora em subida (“lomba acima”), no Vale do Baú. Novamente esta etapa seria cheia de curvas, em meio a Serra, muito íngreme. Diziam as duplas gaúchas que: “a nossa rua Ramiro Barcelos em Porto Alegre, em sua maior inclinação, poderia ser em uma comparação, considerada plana...”. Exigia os carros ao máximo bem como dava mão-de-obra aos pilotos. Batidas no barranco houve inúmeras, uma das quais do Dodge Polara 1800 N° 496 da dupla paulista Fernando Oliveira/Sérgio Lowenthal que ainda “acertou” uma pedra que deslocou o diferencial. Mesmo “torto”, meio de lado, prosseguiram na prova, apesar de ser difícil de dirigir. O piloto “brigando” com o volante, especialmente nas curvas mais acentuadas. Contou o piloto que: “em certa altura, soltei o volante e o carro quase fez um “cavalo de pau” na estrada, de tão torto que estava”. A mesma “sorte” de chegar ao final não teve outra dupla de São Paulo Marcos Troncon/José Zacharias com o Dodge Polara 1800 N° 430 (Grupo I – Classe C) da Equipe Autoserv que quebrou o diferencial na parte final da etapa, em um dos trechos mais difíceis da prova.


“Parece” que o Dodge Polara 1800 N° 426 de Mássimo Carrara/Elemer Arpassy, errou o roteiro...

Os primos Farina lideraram a etapa até faltar 10 quilômetros para a chegada. Conforme afirmou o piloto Ernesto Farina: “Largar na frente tem seus inconvenientes.” Sendo o primeiro a largar, sem condições de saber quem vinha atrás, nem a distância, tratou de acelerar ao máximo, visto que a prova não era por pontos perdidos, mas na soma dos tempos, vencendo quem fizesse o roteiro no menor tempo. E o esforço de se manter na liderança custou-lhe o abandono, pois na subida do Ibiri, em um dos últimos trechos, quebrou a ponta de eixo traseira. Sua vantagem era tanta, que cronometraram oito minutos antes que um outro carro passasse por eles.


O Volkswagen Passat TS N° 213 da Equipe Gaúcha Car tripulado pelos primos Farina liderou todo o Rallye até faltarem dez quilômetros para o final da prova.

Quem vinha esplendidamente bem colocado em segundo lugar, depois dos problemas na Primeira Etapa era a dupla gaúcha Marcelo de Souza Aiquel/Silvio Paulo Klein com o Volkswagen Passat TS N° 211 (Grupo I – Classe B) da Equipe Gaúcha Car. Estavam prontos para assumir a liderança da prova, mas também foram obrigados a abandonar por problemas mecânicos a menos de 2 mil metros do já parado Passat dos Farina. A proteção debaixo do motor constava de uma chapa de ferro, onde somente havia um recorte circular para a retirada do tampão de óleo do motor. Pois em um dos “vôos”, o carro “pousou” justamente sobre a ponta de uma pedra que arrancou este tampão, praticamente rasgando o cárter de “fora a fora”, perdendo o carro todo o óleo em menos de um quilômetro.


Marcelo Aiquel/Silvio Klein com o Volkswagen Passat TS da Equipe Gaúcha Car estavam prontos para assumir a liderança da prova quando foram surpreendidos pela quebra do motor.

O Fiat 147 N° 113 da Equipe Óleo Fiat dos mineiros Guilherme Pereira/Mauro Mendes fez os últimos três quilômetros da prova com um pneu furado. Quem acabou assumindo a liderança da prova foi a dupla paulista Mário Castanho/Sérgio Soares com o Fiat 147 N° 433 da Equipe Itavema - Silpo. O piloto Mário Castanho também compete em provas de pista na Divisão 1 – Classe A também com um Fiat 147.


A liderança da prova durou pouco tempo para a dupla Mário Castanho/Sérgio Soares com o Fiat 147 N° 433 da Equipe Itavema / Silpo.

Mas faltando apenas seis quilômetros para o final da prova a boa recuperação iniciada pelos paulistas Eduardo Gomes/Luis Cagnoni com o Fiat 147 N° 444 acabou dando resultado. Ultrapassaram Castanho/Soares e chegaram ao final do Rallye com 44 segundos de vantagem. Devido ao atraso para a largada da segunda etapa, provocado pelo conserto da ponte, a chegada da maioria dos carros aconteceu já à noite em Campos do Jordão. Assim, com os faróis riscando a escuridão, a 1950 metros de altura no Pico do Itapeva, chegavam os remanescentes da dura prova, em um total de apenas 20 carros dos 37 que iniciaram o primeiro Rallye Tipo F.I.A do Brasil.


O Fiat 147 dos mineiros Pereira/Mendes perto do final da prova, já com os faróis acessos. Nos três quilômetros finais da prova andaram com um pneu furado.

Um Fiat 147 que acabou desclassificado foi o de N° 427 dos paulistas Fernando Braga/Jayme Furini, por chegar além do tempo limite. Mas a sua perseverança merece uma citação. Nesta segunda etapa da prova tiveram quebrada a caixa de câmbio, perdendo todo o óleo. Com isso, o Fiat ficou somente com a 1° marcha “acavalada”. Pois assim mesmo, em velocidade reduzida e com o motor quase no máximo de giros receberam a bandeira no Pico do Itapeva. Também foram desclassificados por chegar com excesso de penalizações por atraso as duplas: Aparecido Rodrigues/Sarkis Sérgio Kaloustian – Fiat 147 N° 413 - Equipe JV Veículos de São Paulo e Luiz Felipe Sada Graf/Carlos Henrique Fonseca – Fiat 147 N° 866 da Equipe Giorama-Caiçaras de Santa Catarina. Os catarinenses tiveram sua caixa de câmbio avariada ao passar sobre uma pedra que bateu no fundo do carro.

PROVA COMPLEMENTAR NÚMERO DOIS
Domingo, às 10 horas, houve a Prova Complementar N° 2, constituída de um Slalon, na parte fronteira do Tênis Clube Campos do Jordão. Após seu término, quatro carros fizeram o percurso no mesmo tempo: 79 centésimos. Retornando os quatro fizeram novamente o percurso, conseguindo o Chevrolet Chevette N° 888 dos catarinenses Aderbal da Silva Grillo/Milton Luz Conceição da Equipe Hoepcke - Casa Nova baixar seu tempo para 76 centésimos. Esta vitória compensou em parte o resultado negativo da dupla catarinense na prova. Em um treino na véspera da prova capotaram o carro e mesmo com ele seriamente avariado largaram para o Rallye. Acabaram sendo desclassificados pelo excesso de penalizações por atrasos nos postos de controle horário dos primes, apesar de terem completado a prova.


O Chevrolet Chevette N° 888 do catarinense Aderbal Grillo da Equipe Hoepcke - Casa Nova, vencedor do Slalon da Prova Complementar N° 2.

Resultado do Slalon:
1°- Aderbal Grillo / Milton Conceição – SC - Chevrolet Chevette N° 888
2°- Eduardo Gomes / Luiz Cagnoni – SP – Fiat 147 N° 444
3°- Walter Martins / Rui Freitas – SP – Fiat 147 N° 405
4°- Salvador Fernandes / Rubens Siqueira – Fiat 147 N° 421
5°- Francisco Sampaio / Alberto Fadigatti – Fiat 147 N° 411
6°- Mássimo Carrara / Elemer Arpassy – Dodge Polara N° 426

RESULTADO FINAL
O vencedor absoluto na soma dos tempos do RALLYE PIRELLI - CAMPOS DO JORDÃO foi o Fiat 147 N° 444 (Grupo I – Classe A), sem qualquer preparo da dupla Eduardo Gomes/Luis Cagnoni.
Eduardo “Dedê” Gomes é nome conhecido também nas pistas, onde corre com um Fiat 147, da Equipe Casio-Milano, na Classe A da Divisão 1.


Eduardo Luis Tiezze Gomes/Luis Eduardo Maia Cagnoni entraram para a história do automobilismo brasileiro ao vencerem o primeiro Rallye de velocidade disputado no Brasil.

Seu desempenho depois de anunciado o resultado oficial domingo à tarde no Tênis Clube de Campos do Jordão, provocou suspeitas e o protesto junto a Direção da Prova da dupla paulista Mássimo Carrara/Elemer Arpassy do Dodge Polara N° 426 da Equipe Janda pedindo o exame técnico do motor. O mesmo foi devidamente lacrado pelo Comissário Desportivo presente. O motor seria examinado pela Comissão Técnica da Confederação Brasileira de Automobilismo – C.B.A. O exame foi procedido na terça feira (dia 8 de Agosto) posterior à prova e nada de irregular sendo constatado, confirmando portanto o resultado oficial divulgado. Isso veio a valorizar ainda mais o trabalho do piloto (com estilo limpo, sem forçar o carro) e do navegador pois mesmo com um Fiat 147 do Grupo I sem preparação (Standard) conseguiram sobrepujar todos os obstáculos da prova, superando carros de maior cilindrada alem dos próprios Fiat 147 do Grupo II com motores de 1300 cm³.

Os comentários dos pilotos, após a chegada, quase que unânimes, foram de elogios a esta modalidade de Rallye. Os integrantes da Equipe Gaúcha-Car, que não conseguiram terminar a prova por problemas mecânicos, também acharam interessante a mescla de velocidade com a regularidade nos controles horários, comentando que seria perfeitamente viável, por nossas condições de estradas, organizar um Rallye Tipo F.I.A no Estado do Rio Grande do Sul. (N. R - tal prova no Rio Grande do Sul aconteceria somente três anos depois, em 1981 como etapa inaugural do primeiro Campeonato Brasileiro de Rallye de Velocidade. O evento foi organizado pelo CLUBE PORTO ALEGRE DE RALLYE e levou o nome de RALLYE MOBIL – F.I.A.).

Em uma análise técnica dos veículos participantes temos:
Dos oito Volkswagen Passat na Classe B(Standard) e três na classe F (Preparada), todos enfrentaram dificuldades, nenhum deles recebendo a bandeirada final.
Dos Dodge Polara, de sete na Classe C (Standard) e dois na F (Preparada), quatro completaram o percurso.
E entre os dez primeiros, sete eram Fiat 147 e três Dodge Polara, em uma flagrante superioridade sobre os demais, isto provocou um comentário do Diretor da Prova e responsável técnico Francisco Santos: “Parece que não tivemos um Rallye Tipo F.I.A, mas sim, um Rallye Tipo FIAT...”.


O Dodge Polara N° 311 da dupla Mário Poppe Pacheco/Armindo Jotta da Equipe Chambord Auto foi o vencedor do Grupo I – Classe C.

CLASSIFICAÇÃO GERAL:
1° - Eduardo Luis Tiezzi Gomes / Luiz Eduardo Maia Cagnoni –São Paulo – Fiat 147 N° 444 – Equipe Milano / Resil
Grupo I – Classe A – Tempo: 1h 16min 25 s - Média: 78,5 Km/h

2° - Mário Castanho de Almeida / Sérgio Soares – São Paulo – Fiat 147 N° 433 – Equipe Itavema / Silpo - Grupo II – Classe E - Tempo: 1h 17min 09 s – Média: 77,7 Km/h

3° - João Batista Ramos Ribas / Mário César Pereira da Silva – Santa Catarina – Fiat 147 N° 867- Equipe Hubert’s Center Jeans – Grupo I – Classe A - Tempo: 1h 19min 15s
Média: 75,7 Km/h

4° - Guilherme Barcelos Pereira / Mauro A. Mendes – Minas Gerais – Fiat 147 N° 113 – Equipe Óleo Fiat / Horasa – Grupo II – Classe E - Tempo: 1h 19min 29s – Média: 75,4 Km/h

5° - Gastão A. Hausknecht / Álvaro Schultz – São Paulo – Fiat 147 N° 420 – Equipe Fercoi - Grupo II – Classe E - Tempo: 1h 20min 12s – Média: 74,8 Km/h

6° - Walter Bruno Martins / Rui Osório de Freitas Junior – São Paulo – Fiat 147 N° 405 – Equipe Palmares – Grupo II – Classe E – Tempo: 1h 21min 07s – Média: 73,9 Km/h

7° - Mário Poppe de Miranda Pacheco / Armindo Tavares Jotta – Rio de Janeiro - Dodge Polara 1800 N° 311 – Equipe Chambord Auto – Grupo I – Classe C – Tempo: 1h 21min 34s – Média: 73,5 Km/h

8° - Fernando Oliveira / Sérgio Lowenthal – São Paulo – Dodge Polara 1800 N° 496 – Equipe Odessa – Grupo I – Classe C – Tempo: 1h 22min 27s – Média: 72,7 Km/h

9° - Salvador Fernandes / Rubens Siqueira – São Paulo – Fiat 147 N° 421 – Equipe Fercoi – Grupo II – Classe E - Tempo: 1h 28min 20s – Média: 67,9 km/h

10° - Mário Trindade Junior / Arno Hess – Rio de Janeiro – Dodge Polara N° 310 – Grupo II – Classe F – Tempo: 1h 32min 41s – Média: 64,7 Km/h

11°- Ricardo José Fattinger / Roberto Lazzarini – São Paulo – Volkswagen Brasília N° 466 – Equipe Scorro – Grupo II – Classe F

12° - Francisco Silva Sampaio / Alberto Fadigatti Junior – São Paulo – Fiat 147 N° 411 – Equipe Jotavê Veículos – Grupo I – Classe A

13° - Leonardo Fernandes / Carlos Gouveia – São Paulo - Fiat 147 N° 418 – Grupo I – Classe A

14° - Mássimo Carrara / Elemer Arpassy – São Paulo – Dodge Polara 1800 N° 426 – Equipe Janda – Grupo I – Classe C

15° - Valter A. Denser / Ademir Miranda – Fiat 147 – Grupo I – Classe A

16° - Antonio Stinganolo / Wilson Ferreira – Volkswagen Variant – Grupo II – Classe F

CLASSIFICAÇÃO POR GRUPO / CLASSE:

GRUPO I – VEICULOS SEM PREPARAÇÃO (Standard)

CLASSE A – Até 1300 cm³:

1° - Eduardo Luis Tiezzi Gomes / Luiz Eduardo Maia Cagnoni –São Paulo – Fiat 147 N° 444 – Equipe Milano / Resil

2° - João Batista Ramos Ribas / Mário César Pereira da Silva – Santa Catarina – Fiat 147 N° 867- Equipe Hubert’s Center Jeans

3° - Francisco Silva Sampaio / Alberto Fadigatti Junior – São Paulo – Fiat 147 N° 411 – Equipe Jotavê Veículos

4° - Leonardo Fernandes / Carlos Gouveia – São Paulo - Fiat 147 N° 418

5°- Valter A. Denser / Ademir Miranda – Fiat 147 –

CLASSE C – Acima de 1601 cm³:

1° - Mário Poppe de Miranda Pacheco / Armindo Tavares Jotta – Rio de Janeiro - Dodge Polara 1800 N° 311 – Equipe Chambord Auto

2° - Fernando Oliveira / Sérgio Lowenthal – São Paulo – Dodge Polara 1800 N° 496 – Equipe Odessa

3° - Mássimo Carrara / Elemer Arpassy – São Paulo – Dodge Polara 1800 N° 426 – Equipe Janda

GRUPO II – VEÍCULOS COM PREPARAÇÃO LIVRE

CLASSE E – Até 1300 cm³:

1° - Mário Castanho de Almeida / Sérgio Soares – São Paulo – Fiat 147 N° 433 – Equipe Itavema - Silpo

2° - Guilherme Barcelos Pereira / Mauro A. Mendes – Minas Gerais – Fiat 147 N° 113 – Equipe Óleo Fiat

3° - Gastão A. Hausknecht / Álvaro Schultz – São Paulo – Fiat 147 N° 420 – Equipe Fercoi

4° - Walter Bruno Martins / Rui Osório de Freitas Junior – São Paulo – Fiat 147 N° 405 – Equipe Palmares

5° - Salvador Fernandes / Rubens Siqueira – São Paulo – Fiat 147 N° 421 – Equipe Fercoi

CLASSE F – De 1301 cm³ até 2000 cm³:

1°- Mário Trindade Junior / Arno Hess – Rio de Janeiro – Dodge Polara N° 310 –

2°- Ricardo José Fattinger / Roberto Lazzarini – São Paulo – Volkswagen Brasília N° 466 – Equipe Scorro

3° - Antonio Stinganolo / Wilson Ferreira – Volkswagen Variant

CAMINHO CERTO
Análise do Jornalista Fernando Calmon

Sucesso. Assim pode ser resumido o que foi o RALLYE PIRELLI – CAMPOS DO JORDÃO. A organização esteve muito boa, considerando-se que pela primeira vez se realizou um Rallye deste tipo, no Brasil. A divulgação dos resultados não acompanhou o nível da prova: a imprensa os recebeu com atraso e com um erro de colocação, posteriormente corrigido. Ao lado do acerto da idéia de realizar este Rallye, ficou claro o quanto estamos atrasados nesta modalidade de Automobilismo. O Rallye nos moldes internacionais oferece várias vantagens. O público pode assistir de graça uma verdadeira prova de velocidade, o que por si só valoriza muito o espetáculo. Para a imprensa, fica bem mais fácil e perfeita a cobertura da competição, pois o percurso é previamente conhecido. Não há dúvida de que as estradas bloqueadas e com possibilidades de prévios reconhecimentos oferecem muito mais em termos de segurança. Do ponto de vista técnico, a esmagadora vitória dos carros Fiat chegou a ser constrangedora. Em apenas cinco meses de apoio ao esporte motorizado, a fábrica de Betim conseguiu atrair cerca de 100 duplas em todo o Brasil para a recém criada Classe A, somente nos Rallyes. Para isso, instituiu descontos de 10% na compra de carros e venda a preço de custo de peças para qualquer piloto ou navegador. Além disso, estimulou e orientou os concessionários Fiat para apoiarem os participantes, além de oferecer prêmios em dinheiro e troféus aos que utilizassem carros da marca. Ao contrário, a Volkswagen desprezou o apoio ao Rallye, particularmente nesta prova. O resultado foi um desastre: os 11 Passat inscritos por revendedores e particulares quebraram. Faltou até uma orientação técnica, já que os Passat TS são excelentes e quase imbatíveis carros de asfalto, mas deixam a desejar em estradas precárias. Os Fuscas seriam a escolha mais correta.

(N.R - nesta parte da análise o nobre jornalista incorre em um erro.)
O Volkswagen Passat TS já havia sido Campeão Brasileiro de Rallye de Regularidade em 1976 e 1977 e também levaria o titulo neste ano de 1978. Também seria Campeão Brasileiro de Rallye de Regularidade nos anos seguintes de 1979, 1980, 1981 inclusive neste último também foi o primeiro Campeão Brasileiro de Rallye de Velocidade. Isto sem contar os títulos estaduais que também ganhou. Por conclusão eles não deixavam a desejar em estradas precárias...). Quanto a Chrysler, acreditou na promoção, estimulou os revendedores e oferecendo prêmios às duplas inscritas com o Polara. Pena que a fábrica e os revendedores tenham exagerado através da publicidade, supervalorizando os resultados obtidos, na verdade bastante limitados.

PROPAGANDAS EM REVISTAS





Pesquisa
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Revista Quatro Rodas
Jornal do Comércio
Jornal Folha da Tarde
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Fernando Milano

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