Historic Rally & Classic Race Cars: Geneses do Departamento de Competições da MG (pós-guerra).

Nos anos 50 a MG teve uma vontade imensa de reviver o sucesso dos rallies passados (no período pré-guerra). Tirando os TCs, TDs e MGAs, havia uma linha, que a MG queria tirar das trevas na questão vendas, colocando-a em teste: era a linha Y Saloon (Y-Type) e em seguida com a linha Z (Z-Magnette). O board da MG queria fazer reviver o mágico Time dos 3 Mosqueteiros, com os ZAs. Sabe o que significa esforço? Sim - eles fizeram muito e... NADA! Não foi um nada absoluta, mas os Ys e Zs não foram feitos para rallies - claro, tiveram vitórias em rallyes inexpressivos e uma vitória sofrida com na classe e na Coupe des Dames... mas de essencial e importante: NADA. E porque escrevo sobre isso? Well... para que saibam que uma história de sucessos como tinha a MG pre-war, não se repetiu no pós-guerra, para carros sem o DNA de carros esportivos. E hoje - fazem sucesso nos rallies históricos? Alguns ZAs sim, nenhum Y. O meu amigo José Romão, já fez duas vezes o Pequim to Paris com um ZA (todo preparado e com motorização mais forte)... uma aventura - e põe aventura nisso.

Na época, tirando é claro o RAC, outras provas eram mais visadas pelos fabricantes de automóveis, tais como o Alpine, Monte e a maratona Liège-Rome-Liège. Os times britânicos, ainda eram formados pelo critério puro-sangue (BC - British Crews, com British Cars). Em 48 um Time privado inscreveu um Y no Rallye de Portugal (Lisbon Rally). Ganhou o concurso de elegância... mas chamou a atenção da MG.

Works MG-Y com time privado para o RAC de 53 - esquerda para a direita: Reg Holt, Len Shaw e Geoff Holt e ao lado do HMO 910 o John Thornley.

Em 49 no Daily Express Rally, que fazia as vezes do RAC Rally pós-guerra (que na época teve 499 entradas), Len Shaw fica em terceiro na geral e ganha na classe com seu Y-Type, feito por Abingdon, ganhando junto com Geoffrey Holt, com um TD o Team Prize. No RAC Rally de 51 o Ian Appleyard ganha com seu Jaguar XK120 (o Ian além de piloto de rallye, ganhador também do RAC de 53, do Tulip de 51 e da Coupe d´Or no Alpine de 52 - pilotando o mítico XK120 licença NUB120 - era casado com a Patricia "Pat" Lyons filha do dono da Jaguar - Sir Willian Lyons), e o Len fica em terceiro na classe abaixo dos 2 litros. Em 53 a MG fez 3 carros especiais e fora da linha de montagem, chamados de YB e o Len pilotando um destes 3 carros ganhou classe o RAC de 53 (terminou em sexto na geral).

Len Shaw no seu works MG Y (RAC Rally de 1953)

Aliás, lendo o livro do Len (Rallying in a Works MG), há uma anotação interessante - Em 1953 no Morecambe Rally (250 milhas em 2 dias, comportando 278 competidores), quem ganhou foi o citado Ian Appleyard, com o XK120 (no geral 189.02 segundos), e em segundo vinha o MG Y do Len Shaw com 191.6 segundos, ou seja, apenas a 2.5 segundos atrás do Jaguar!!!

Aliás, tem gente que gosta para rallye o carro mais fechado, mas o MG TD era um carro ideal para a Classe (a Pat Moss entrou para o Time de competições da MG com um TF). Notem na foto acima, que o TD atinha um centro de gravidade menor que o Y, e por isso era bem mais ágil - dentre outras vantagens, inclusive, quanto ao peso.

MG Team no Daily Express Rally de 1953 - pilotos: Len Shaw, Reg Holt e Geoff Holt - navegadores: Freddie Finnemore, Alan Collinson e Stan Astbury pela ordem: Lance Corporal (HMO 908 - cabo com uma faixa), Corporal (HMO 909 - segundo em comando com duas faixas) e Sergeant (HMO 910 - sargento com 3 faixas - chevrons).

O Len Shaw impressionava a MG com sua dedicação e acho que por isso foi dado pela fábrica, 3 works Y, para times privados, dentre eles Len - eram eles: Len Shaw, Reg Holt e Geoff Holt (como pilotos) - neste período que surgiram os símbolos chevron, pintados nos para-choques dos carros.

Monte Carlo Rally de 1955. Will Cave

Mas o fato importante, é que nestes anos 50 o famoso Departamento de Competições da MG é reaberto (para alguns é aberto - porque - nunca houve antes um departamento voltado exclusivamente para eventos do motorsport) - e para o primeiro ano eles contavam com 100.000 libras. A BMC chama para chefiar esse departamento, nada menos do que o lendário Marcus Chambers, que vinha da HRG e tinha uma vasta experiência em corridas de maratona, como Le Mans, e em rallies.

Athos - KJB 908 - R.E. Holt/Collinson - No. 58; Porthos - KJB 909 - Shaw/Brown - No. 36; e, Aramis - KJB 910 - G. Holt/Asbury - No. 49.

O primeiro Monte com o mago competitions manager foi o de 1955. Foram preparados por Abingdon 3 Magnettes e 3 Austin A90 (construídos por Longbridge Experimental Shop). Chambers tentando reviver as glórias verificadas em 1935, nomeou os ZA Magnettes de Athos, Porthos e Aramis (todos com 2 estepes e 2 tanques de combustível), larga caixa de ferramentas, etc. 60bhp de potência... Ave Santa - como nos Ys os Zs tinham no lados dos para-lamas as marcas chevron (de uma, duas e três listras). 2 faróis de neblina virados para os lados, 2 de neblina com uma cobertura que se deslocava para cima e duas buzinas, preenchiam a frente do carro, junto com a grade (no capô), vinha um defletor que evitava jogar neve, chuva e insetos no vidro da frente (as licenças destes carros eram KJB 908, 909 e 910 - respectivamente).

Len Shaw com seu Works MG Magnette Rally Car (Porthos) - campanha de Monte dos anos 50.

No Monte de 55 o time ficou na geral 178 (KJB910), geral 202 (KJB909) e geral 237 (KJB908). No RAC KJB910 ficou em primeiro na classe (os outros dois se retiraram). No Tulip Pat Moss e S. Cooper quebraram o KJB908 (os outros dois carros também). No Dailly Express Silverstone com o R. Jaco ficou com o JRX251 em primeiro na classe.

Esse foi o primeiro evento oficial dos Works MGs - Monte de 55 - este ZA Magnette ficou em 178th na geral, pilotado pelo Geoff Holt, Stan Asbury e Harold Brooks (na época podia 3 num carro só).

No Monte de 56 N. Mitchell e D. Reece ficaram em 59 na geral e em terceiro na Ladies (no KJB910). No Lyons Charboères Rally as mesmas garotas ficaram em primeiro na Ladies e em 47 na geral e a mesma dupla foram desclassificadas no Tulip com o KJB910. No Daily Express Silverstone A. Foster ficou com o JRX251 em segundo na classe - no Dieppe Rally a Pat Moss e A. Wisdon ficaram em segundo na Ladies com o MBL417, já as meninas N. Mitchell e P. Burt ficaram em segundo na Ladies e sétimo na classe. No Viking Rally N. Mitchell e D. Recece com o KJB909 ficaram em 64 na geral. No Sestrière Rally N. Mitchell e A. Hall ficaram com o NJB365 em segundo na Ladies e 60 no geral. No Tulip ninguém chegou (3 carros).

Em 58 no Monte o N. Mitchell e J. Johns se retiraram, o mesmo acontecendo com D. Seigle-Morris e J. Sprinzel acabando aqui a saga dos Magnettes (que tinham como concorrente os TFs e MGAs.

Os ingleses ditam que um carro de rallye fica famoso mesmo, quando vira miniatura...

Na minha opinião, faltava um motor neste carro, que por sinal é muito bom. Se viesse com um motor de 1.800cc seria perfeito, ou pelo menos um grande início. Muitos mais perfeccionistas do que eu, acham que esse carro não é um legítimo MG, pois, havia um igual na Wolseley 4/44 com motor de Austin (o ZB era igual ao Wolseley 15/50)... Eu, particularmente, gosto mais do ZB e não concordo que não seja um MG - sim é um MG Saloon - só não concordo com o nome Magnette, pois, me faz lembrar os fantásticos K-Type e N-Type dos anos 30, que nada guardam ou lembram os ZAs e ZBs (os Magnettes MKIII e IV são muito feios - coisas da BMC - que fazia o mesmo carro para a Morris, Oxford, Riley, Austin e Wolseley - uma falta de criatividade enorme - maior que o Reino Unido). Várias informações e fotos, aqui dispostas, foram retiradas das obras Rallying in a Works MG - Len Shaw, e da primeira e segunda edições do The Works MGs de Mike Allison e Peter Browning - recomendo a leitura de ambos, assim como, recomendo a leitura dos livros: MG Competition Cars and Drivers, do Richard L. Knudson e do MG Trials Cars, do Roger R. Thomas.