Historic Rallye - The most essential item of equipment is a sense of humour!

15.10.13

Rallye e o Cão


Ah... o cão... o melhor amigo do homem... os fatos abaixo aconteceram num rallye importante. Ainda no parque fechado vejo um casal que iria disputar a prova num Porsche 356 Pré-A – ao lado do carro estava o marido dando ordens em alemão a um elegante Weimaraner, com olhos na cor cinza azulado. Um nobre exemplar desenvolvido pelo Grão-Duque de Weimar. Ao lado, estava sua mulher, que dentro de uma bolsa LV para cães, carregava um raro Spaniel Japonês... apesar do nome, tem linhagem chinesa – na corte imperial japonesa esse cachorro ficava numa gaiola de ouro, como se fosse um pássaro exótico! Quando foi tirado da bolsa, para ser apresentado a mim (que gosto de cães), ele estava vestindo um suéter com o escudo do Automóvel Clube de Mônaco; uma coleira com repetidas inscrições Le Mans, e o pior – estava com uma touca de couro com óculos de piloto pré-guerra. Quando tirou a touca junto com os óculos, pude notar o quanto tal exemplar era medonho: Olhando de frente era horroroso, e olhando de lado lembrava um peixe de rio chamado de bagre – e os olhos então!? Um para cada lado, como faróis de neblina, usado nos rallies alpinos. De um latido fino e arrogante, tinha sapatilhas da Ferrari nas 4 patas, e atendia pelo nome de GUGU (esse era o nickname, pois, na apresentação o nome todo era Alexander von Gütemberg Wazerman). Seu temperamento aprisionava um Dobermann dentro daquele corpo frágil – a dona, que não tinha assim uma grande cultura, falava que ele era pedófilo, pois, adorava pés, como roer pé de mesa, pé de cadeira e lamber as solas e artelhos dos pés dela e das visitas. Que gracinha de cão!!!

Pois bem, a dupla de competidores pensou: vamos levar pelo menos um dos cães. No dia da largada o Weimaraner, ficou com um tratador numa elegante fazenda - seu nome era Max (na verdade o nome todo era: Wernher Maximilian von Braun - nome dado em homenagem ao rocket scientist, conforme me confessou o marido). O cão escolhido para ser levado a bordo do 356 era o mimado GUGU. O diretor de prova vetou tal participação (não se admitia cachorros e outros animais na prova, além do que no carro só poderiam ir apenas os dois competidores). Pronto... instalou-se uma violenta discórdia. A dona de GUGU, batia com a bolsa no fiscal da prova, que ficou com uma marca no braço esquerdo ICCUG (Gucci ao contrário). Era cachorro uivando, a dona gritando, o marido de cachimbo, tentando separar os litigantes, Road book sendo arremessado na direção do diretor de prova... só não ficou mais feia a contenda, porque, começou a chover. Resumindo, o tal de GUGU ia no Land Rover de resgate da organização, onde se notou que apesar do pequeno tamanho, tinha uma bexiga de Dog Alemão – seu xixi era fino como um jato de Waterpik, e seu coco como estava estressado e nervoso (longe da sua dona), era pastoso e bicolor (bege e verde claro)... 

Até metade do rallye apesar do inconveniente, GUGU tomava o café da manhã, almoçava e jantava com a dona – só que ela havia esquecido a sua comida especial... diante do seu intestino frágil (coitadinho, quando ele fazia suas necessidades, seus olhos ficavam esbugalhados, quase saindo do globo ocular, e gemia como uma correia da ventoinha fora do lugar), ele comia o que se servia nos hotéis e restaurantes da estrada... o que aumentou a sua diarreia e lhe causava gases... por algumas vezes o Land Rover, teve que parar no meio da estrada, para expulsar o pequeno GUGU para fora – seus gases (que se fossem medidos, geravam uma força de 40 psi), eram da cor English Racing Green, assim como seu vomito (na cor laranja Lamborghini) – sim – o pequeno cão estava quase nas últimas. O pior que a cada dia ele usava um suéter diferente, e a dona insistia em colocar a touca de couro com os óculos, afinal ele estava num rallye!!! Pois bem... um dia antes do rallye terminar, o hotel (e só tinha esse na região), recusava cães... o gerente ao dizer isso, foi agredido com uma pesada bolsa da Chanel, ficando a marca de uma chave na sua testa, além do porteiro do hotel ao tentar separar a briga, teve a sua região lombar queimada pelo charuto cubano do marido... resultado – GUGU (que estava nesta altura, usava a touca de couro como coleira e os óculos, no rabo, pois, o gerente tinha usado os óculos como estilingue... 

Ok GUGU tinha que dormir, então, no Land Rover, local que ele já estava acostumado... O motorista do Land (chamado carinhosamente por sua semelhança de Seu Madruga - do seriado mexicano Chaves), que por sinal bebia muito a noite (acredito que era para relaxar pelo estresse causado pelo GUGU durante o dia), foi regiamente pago para passar a noite com GUGU e... ler para ele antes de dormir O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry, ao som do piano de Liberace, vindo de um Ipod, que tinha a foto do pianista cercado de lantejoulas e strass. Sendo assim, seu Madruga (gentleman driver do Land), pegou logo no sono embalado por Chopin Fantasia, Tea for Two, Laura.... zzzzzz..... como havia bebido, levantou no meio da noite, assustado, tendo como música de fundo Rhapsody in Blue... ALERTA: havia deixado a porta aberta do Land e o rastro de fezes deixado pelo GUGU, demonstrava que ele havia fugido...

Gemidos, resmungos, sussurros e gritos desesperados de "GUGU", "GUGU CACHORRO FILHO DA PUTA", etc (neste nível para baixo), tomaram conta do motorista do Land... este procurou GUGU por todos os lados (segurando numa das mãos o livro do Pequeno Príncipe, na outra uma lanterna e pendurado no seu pescoço, o Ipod tocando The Beer Barrel Polka de Liberace) e no final da noite, achou finalmente GUGU, que estava correndo numa estrada de terra, atrás (se supõe), de um javali... estava vestido com um pijama decorado com ossinhos, gorro vermelho (tipo máscara ninja), com um símbolo da Ferrari, e com apenas 3, das 4 pantufas com estampas da Guerra dos Dálmatas. Estava todo sujo... bom, dizem - não sei se é verdade - que seu Madruga ao encontrá-lo, o pegou em seus braços e o abraçou em seu peito... neste instante GUGU lhe defere uma mordida, que foi respondida pelo seu Madruga, com uma bordoada na sua orelha esquerda, com o livro O Pequeno Príncipe, fazendo GUGU colocar sua enorme língua para fora. Com medo da ferocidade dos donos, o motorista do Land, resolveu dar um banho no GUGU... para secar usou um assoprador profissional a 1500 watts (usado para derreter fios), queimando alguns dos pelos e sub-pelos de GUGU (o suéter cobria tudo).... como ele se mexia muito no ato de secar seus pelos, foi preso com um cabo auxiliar de bateria... no final tudo deu certo, contudo, o motorista quase capotou o Land Rover, porque, na volta dormiu ao volante, e na freada, arremessou GUGU do último banco, para ser estampado no para-brisa do Land.... Para agradar o GUGU (que estava afônico de tanto latir), o motorista na reta final deu-lhe balas de caramelo para melhorar da rouquidão... resultado: o cão travou a boca, fazendo aparecer um sorriso macabro quando desceu do Land, com aqueles olhos esbugalhados... sua tremedeira era um misto de diarreia e estresse, o que lhe restava era se vingar soltando gases dignos de uma arma química ....ai que medo!

PS - hoje essa dupla de competidores vendeu o 356 e comprou um barco - agora fazem regata... O Weimaraner fugiu com o treinador... o substituíram por um da raça Basenji (chamado de Sea Hunt), onde vestem nele uma roupa de neoprene, pés de pato, máscara e uma espécie de aqua-lung (com o logo da Dior), estão treinando, também, um Labrador Negro de nome Príncipe Nabor, que é jogando no mar, para ver como ele nada... e... GUGU fica no barco e vomita como no filme O Exorcista (dizem que pelo golpe deferido pelo seu Madruga com o livro O Pequeno Príncipe, GUGU gira a cabeça como a Linda Blair na referida película)...

Luis Cezar

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