Historic Rallye - The most essential item of equipment is a sense of humour!

18.5.06

Targa Florio e Giro di Sicilia




O Giro era organizado pelo Automóvel Clube da Sicilia, entre 1912 e 1958, atingindo algo (em distância máxima), de 1.080kms. O chamado "Golden Book", tem nomes como Biondetti, Marzotto, Villoresi, Taruffi, Collins e Gendeblen. Quando De Portago morreu, num trágico acidente durante a Mille Miglia de 1957, isto abalou fortemente o Giro di Sicilia, ocasionando o seu fim.

Há outras corridas famosas na Itália, dentre elas a Targa Florio que ocorreu de 1906 a 1977, e que influenciou sobremaneira a fabricação de carros, como a Alfa-Romeo, a Porsche, a Ferrari, a Mercedes-Benz, dentre outros, que colocavam seus carros em tal competição.

Mais especificamente sobre este evento, tudo começou em 1906, o Conde Viscenzo Florio (foto ao lado era de Lucie Florio), louco por carros, organizou uma corrida no norte de Sicília. Sua primeira edição teve apenas três voltas, de 148 quilômetros, cada uma (totalizando 450 kms), por ruas estreitas e sinuosas da região. A partir de 1960, a corrida passou a ser disputada em outro traçado, conhecido como Piccolo Della Madonie (Pequeno Madonie), com 70kms cada volta. Esse percurso tinha uma única reta (8kms) e 898 curvas!!!

Era uma competição dura, onde o perigo era constante para pilotos e máquinas. Hoje esta corrida ainda existe, mas em outros moldes e sem o glamour de antes.

Já o Giro di Sicilia de hoje em dia, tenta resgatar este glamour, num rallye de carros históricos. Trago o programa e a rota do Giro (que começa no dia 31 de maio na cidade de Palermo - Targa Monte Pellegrino e, termina no dia 5 de junho, no circuito delle Madonie - Targa Florio), competição essa, que alguns brasileiros já fizeram. Vale a pena dar uma conferida e se preparar para o ano que vem.

















Claudio Habara (em texto na net), conta um pouco da história da Targa Florio. "Foi nos anos 20 que a Targa Florio se transformou em uma das mais importantes corridas do calendário, atraindo anualmente os melhores pilotos e equipes de fábrica para a Sicília. O recorde para uma volta nessa versão da Madoine, de 108 km, pertence ao Varzi, em 1930, com 1h21m21s, média de 79,6 km/h.
Aliás, essa corrida de 1930 foi outra batalha feroz entre as Alfas de Varzi e Nuvolari. Varzi era mais rápido e liderava a frente de Nuvolari. Porém, um problema com o tanque de combustível forçou o carro de Varzi a parar mais vezes para reabastecer que Nuvolari.

Na última parada, com Nuvolari já no encalço, o co-piloto de Varzi teve uma idéia “brilhante”: levaria um galão de combustível extra consigo e faria o reabastecimento com o carro em movimento. Durante uma descida, o “esperto” co-piloto colocou seu plano em prática, mas acabou causando um incêndio no carro ao deixar cair gasolina no escapamento quente. Varzi, entretanto, não queria ser derrotado de forma alguma por seu mais ferrenho rival, e simplesmente optou por ignorar o incêndio e continuar sem parar, enquanto o “brilhante” co-piloto batia o estofamento de seu banco sobre o fogo para tentar apagá-lo. Assim, Varzi venceu de forma espetacular a 21a Targa Florio, com seu carro cruzando a linha de chegada ainda em chamas.

Em 1932, o clássico traçado da Madoine foi pela última vez encurtado, atingindo os 72 km definitivos, que são até hoje utilizados pela Targa Florio. A pista era a mesma da largada, em Cerda, até Caltavuturo, mas daí o circuito seguia diretamente para Scillato, excluindo-se assim, a vila de Polizzi. Essa versão mais curta devia ser percorrida até 14 vezes e mantinha os elementos básicos das irmãs maiores: pista estreita, hairpins, subidas e descidas vertigionas (nessa versão, a variação de altitude era de “apenas” 650 m...). Entretanto, várias melhorias nas estradas eliminaram os trechos de terra do traçado utilizado pela corrida. Dessa forma, o recorde para volta nessa versão pertence a Leo Kinnunen, em 1970, com Porsche: 33m36s, 128,5 km/h de média.

Nesses 70 e poucos anos, a Targa só não utilizou a “Piccola” Madoine por sete oportunidades: antes da guerra, de 37 a 40, o circuito de Parco Favorita, de 5,7 km, em Palermo, foi utilizado; depois da guerra, de 48 a 50, no Circuito da Sicília. Entre a década de 50 e 70, a prova se consolidou como uma das mais importantes e tradicionais corridas para carros esporte, sendo a única contra o cronômetro que contava pontos para o Campeonato Mundial de Marcas. Foi lá, inclusive, a última prova da Mercedes antes do abandono das competições motivado pelo acidente de Levegh, em Le Mans 55, meses antes.

A Targa ainda existe, ainda que não seja mais disputada em estágio único, como antigamente, mas sim em diversos e menores trechos cronometrados, como nos rallyes de velocidade. Além disso, a importância e exposição da corrida diminuiu drasticamente da década de 70 para cá. Basicamente porque a pista tornou-se perigosa demais para os carros, pilotos e público. A infra-estrutura, que sempre foi sofrível devido a distância da ilha ao continente, era cada vez mais ineficaz para as dimensões que a corrida alcançava. Finalmente, duas edições trágicas acabaram gradualmente com a essência original da corrida.

Em 1973, edição que muitos consideram como a última Targa Florio, duas mortes. Nos treinos, Charles Blyth, de Lancia, sofreu seu acidente fatal. Durante a corrida, 3 dias depois, o Alpine guiado por Ferruccio Deiana em parceria com Gianni Vacca saiu da pista e atropelou dois espectadores, matando um deles, durante a volta 7.

Depois desses incidentes em 73, a Targa foi retirada do calendário do Mundial de Marcas, mas permaneceu como etapa do campeonato local de protótipos e turismo. Mas outro acidente, em 77, determinou o fim da corrida como prova de velocidade.

Durante a 3a volta, a Osella–BMW, guiada por Gabriele Ciuti perdeu a carenagem traseira em uma batida contra um paredão. Ciuti, entretanto, continuou com o motor aberto e sem o aerofólio traseiro por mais uma volta e meia. Na passagem seguinte, no retão de Buonfornello, em altíssima velocidade, Ciuti perdeu o controle de seu carro e investiu contra o público. Quatro pessoas foram atropeladas e duas morreram no local. O piloto ficou ferido gravemente, sendo transportado por um Fiat de competição para o hospital e a prova foi encerrada imediatamente.

Nos anos seguintes, a corrida ressurgiu convertida em rally. Atualmente, existe um movimento para transformar a Targa Florio em uma etapa do WRC. É ver para crer, mas seria muito legal ver novamente grandes pilotos guiando grandes carros pelas estradas da Sicília."

(Cláudio Habara escreve para o esclarecedor site GP TOTAL: http://www.gptotal.com.br/pergunteedu/pergunte_1quin_mar04.htm).

Aliás, vocês sabiam que a prova Targa Florio, influenciou diretamente os dirigentes da Porsche a colocar o nome "Targa", num dos seus carros mais famosos (911)? Acontece que a Porsche havia ganho 11 primeiros lugares (ninguém ganhou mais esta prova do que a marca alemã, tendo em vista que a Alfa-Romeo ficara com nove vitórias e a Ferrari, com apenas sete). O herdeiro Ferry Porsche, resolveu colocar o nome Targa, para inspirar um carro campeão e principalemnte seguro. O modelo foi exposto no Salão de Frankfurt de 1966 (Depois de vencer esta prova por 3 vezes seguidas, em 1968 a Porsche levou definitivamente a Targa de Florio, uma placa de bronze que era dada ao vencedor da prova, conforme a foto ao lado). O santo-antônio feito de aço, foi o mote para a entrada no mercado norte-americano (no primeiro quartel dos anos 60, correram boatos que as leis dos EUA iriam proibir a comercialização de "conversíveis"!

Vide abaixo a tabela oficial da prova de Targa Florio:


11

PORSCHE 1973 1970 1969 1968 1967 1966 1964 1963 1960 1959 1956

10

ALFA ROMEO 1975 1971 1950 1935 1934 1933 1932 1931 1930 1923

7

FERRARI 1972 1965 1962 1961 1958 1949 1948

5

LANCIA 1974 1954 1953 1952 1936

5

BUGATTI 1929 1928 1927 1926 1925

4

MASERATI 1940 1939 1938 1937

3

FIAT 1957 1921 1907

3

MERCEDES 1955 1924 1922

3

SCAT 1914 1912 1911

2

NAZZARO 1920 1913

1

CHEVRON BMW 1977

1

OSELLA BMW 1976

1

FRAZER-NASH 1951

1

PEUGEOT 1919

1

FRANCO 1910

1

SPA 1909

1

ISOTTA FRASCHINI 1908

1

ITALA 1906


Fotos da 48ª Targa Florio de 1964


















Luis Cezar

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