Eu já escrevi sobre estes boys, quando tratei sobre a marca Bentley, mas apenas citei esta passagem esportiva e não entrei em detalhes. Daria um grande filme a passagem destes caras no mundo das corridas - esses boys corriam de moto, avião, contra trem e de Bentleys em Brooklands e nas 24 Horas de Le Mans. Vou tentar fazer um resumo da ópera (ainda vou agregar outras histórias e fotos).
Bentleys de Le Mans de 1929 - obra de Terence Cuneo. Bentley de D'Elanger no pit e ao lado passando o Bentley de Jack Dunfee (No. 9).
Alguns afirmam que tanto para montadora Bentley, como para os pilotos destes carros, havia um misto de drama e aventura, aliado a esse sentimento uma sensação de prestígio pela qualidade do carro produzido, assim como, pelas vitórias alcançadas - mas para os Bentley Boys, verdadeiros sportsmen liderados pelo incansável Woolf Barnato, o sentimento era hard and fun driving on the track. W.O. Bentley - fundador da empresa, era um entusiasta do esporte a motor, mas nem sempre tinha disposição para enfrentar horas ao volante de um carro – o que ele fez pessoalmente algumas vezes. Surgiram, então, os chamados “Bentley Boys”, pilotos amadores, na maioria aventureiros endinheirados, que não corriam pelo pagamento, mas pelo amor ao esporte – e pela inegável prova de coragem.
Bentley de 1929 - 4.5 litre supercharged - pilotado pelo Birkin's Team - se transformou num ícone.
Os Bentley Boys era um grupo de gentlemen racers, na maioria deles oriundos da classe rica inglesa, que pilotavam o pesado Bentley nos anos 20/30. A montadora teve momentos de glória, com a entrada do Bentley Boy Woolf Barnato, criador aliás do famoso carro Supercharged Bentley Blower. O grupo de corredores, não se fixava em 4 ou 6 membros, mais ativos eu diria, mas a 15 membros - e acredite, tinha mulher no meio dos Boys.
Deixa eu explicar melhor o caso das mulheres - elas não eram consideradas parte do grupo - havia duas na verdade: uma delas era a lindinha sardenta da Hon. Mrs. Victor Bruce, que era uma inglesa de olhos verdes cor do mar, com muita atitude, atrás de um volante de um Bentley 3 litros e depois, de um de 4 litros e meio (corria antes de casar e participou de corridas importantes em Brooklands, recém casada).
Ela corria antes dos Bentleys com um A.C. cream and aluminium. Sim - ela tem nome: Mary Petre, que casou com o Victor Austin Bruce em 1926, logo depois dele ganhar o Rallye de Monte Carlo. Ela chegou a estabelecer recorde em 1929, em single-handed driving for twenty-four hours, em Montlhéry. Em 1927 ela e o marido, fizeram uma prova de endurance na França, cobrindo 15.000 milhas, em 147 horas. Ela bate o recorde com um Bentley 4 1/2 na classe C, em 1929, nas 24 horas de Montlhéry. Em 1927 ganha a Coupe des Dames no Monte Carlo Rallye. Foi piloto de teste, atravessou o Atlântico sem parar, bateu recordes no ar, no mar e na terra - e ainda, quando resolveu comprar um Bentley (ali na Berkley Square), parou na Bond Street, comprou um jaqueta de couro azul e um colar de pérolas (ela adorava pérolas, tanto é que corrida com um colar), e foi comprar um Bentley, pedindo para pintar da cor da jaqueta... Dava um filme... Morreu aos 90 anos em 1990.
O mais impressionante, é que ela deu a volta ao mundo num avião, em pleno anos 20.
A outra mocinha era mais feia, mas tinha uma grana... Tratava-se da Hon. Dorothy Wyndham Paget, filha do Lord Queenborough e a americana Pauline Whitney (uma das grandes fortunas do leste dos EUA), nascida em 1905. Uns acham que ela era excêntrica, outros dão uma conotação mais sexual para a atuação dela. Ela bancou 3 Bentley de 3 Boys distintos, mas gostava mesmo de dar £££ ao Capitan Birkin. Ela gostava dos cavalos, mas se interessou pelos Bentley Boys (ou por um deles). Quando Birkin morreu, ela ficou com o Bentley dele - e nunca o vendeu (morreu em 1962).
Série dos carros utilizados pelos Bentley Boys
O Bentley vencedor em 1924
Datas | Modelo | Unidades Produzidas |
1919 - | 3 litre | 1,624 |
1926 - 1930 | 6.5 litre | 373 |
Speed Six | 171 | |
1927 -1931 | 4.5 litre | 662 |
RC Series 4.5 litre | 6 | |
1929 - 1931 | 4.5 litre supercharged | 55 |
1930 -1931 | 8 litre | 100 |
1931 | 4 litre | 50 |
Produção normal dos Bentleys
Derby Bentleys
Datas | Modelos |
Unidades Produzidas
|
1933 - 1937 | 3.5 litre | 1,191 |
1936 - 1939 | 4.25 litre | 1,241 |
1940 | Mark V | 17 |
O carro preferido pelos Bentley Boys não era o 3 litros nem do de 61/2 litros, mas o setado para Le Mans de 41/2 litre de 1928 (AT5) e o de 1929 (AT4). Era um carro fenomenal. Eu tive a oportunidade de fazer uma manobra num carros destes de 1930 (4 1/2 litros), na oficina da Jack Barclay (que tem sua loja localizada no ponto de encontro dos Bentleys no número 18, na Berkeley Square, Mayfair, Londres - aliás, é um dealership da Bentley/Rolls e Bugatti). É coisa para macho e macho que não tenha bursite. É um bloco de mais de duas toneladas, mas o som do compressor é algo que nunca mais se esquece. Fantástico.
Da esquerda para a direita: N° 9 de Kidston / Dunfee; N° 1 de Barnato / Birkin; N° 8 de
Clement / Chassagne e o N° 10 de Benjafield / d'Erlanger
Na verdade foram fabricados apenas 25 carros de 4 1/2 para as pistas, durante toda a sua produção que foi de 1927 a 1931. Havia motor de 3 litros a 6 1/2 litros, mas a melhor fórmula foi a de 4 1/2 litros. Este primeiro carro setado para as pistas era chamado pelos Bentley Boys de "Old Mother Gun", que estreiou na prova ocorrida em junho de 1927 - esse carro levava o número 1, pilotado pelos Bentley Boy Clement e seu co-driver Callingham. Foi batido o recorde de 73.4mph, antes da porrada (chamada pelos ingleses de Drama - White House Crash), com o Old Mother Gun e o Bentley de 3 litros (número 2), de Duller e D'Erlanger (os Bentley Boys Davis e Benjafield pilotavam um 3 litros de número 3).
O Old Mother Gun, participou em agosto de 1927, no Grand Prix de Paris em Montlhery, sendo pilotado pelos Bentley Boys Clement e Duller, ganhando a corrida com velocidade média de 51.99mph! Nas 6 horas de Brooklands, em maio de 1928, o Old termina em oitavo com média de 70.35mph. Em Le Mans - junho de 1928, havia 3 Bentleys 41/2 litros, dois deles com novo corpo bobtail, foram pilotados pelos Bentley Boys Clement e Benjafield (número 2), e Birkin e Chassagne (número 3). O Old Mother Gun levava o número 4, com lider dos Boys Barnato e Rubin (belo trio de Bentley Boys).
Bentley 3 litros de Duff e Clement passando uma Alfa Romeo em Mulsanne
Dentre estas corridas, há que se registrar as 4 vitórias consecutivas nas 24 Horas de Le Mans de 1927 a 1930. O concorrente nestas corridas, era o carro produzido por Ettore Bugatti, but... as Bugattis eram leves e frágeis, em contraste com os pesados e duráveis Bentleys (Ettore assim se referia aos Bentleys: "The world's fastest lorries"). A fortuna do Barnato foi colocada quase toda dentro da Bentley, que com a grande depressão na Inglaterra, os produtos de luxo não eram vendidos e... a montadora foi vendida para a Rolls-Royce em 1931.
1929 - da esquerda para direita: D'Erlanger, Barnato, Birkin, Dunfee, Kidston, Benjafield, Chassagne e Clement
Os Bentley Boys tinham um objetivo - correr em Le Mans. Portanto, temos que ficar setorizados entre os anos de 1923 a 1930 - pode ser assim descrito: em 23 a preparação; em 24 a primeira vitória; em 25 uma fase terrível; em 26 um modesto sexto lugar; em 27 o sabor da vitória novamente; em 28 a força; em 29 a dominação total e em 30 o chamado Canto do Cisne.
1923
O Duff foi quem convenceu o W. O. Bentley a participar de Le Mans. O futuro Bentley Boy John Duff era dono de uma concessionária Bentley em Londres. Ele comprou e preparou um Bentley de 3 litros e obteve uma série de recordes de velocidade no circuito de Brooklands. Suas façanhas contribuíram para a reputação da Bentley, mas a dele suplantou o carro. Entrou em contato com Walter Owen Bentley com a idéia de conseguir um apoio da marca, para um novo teste de resistência, que seriam organizadas no circuito de Le Mans em 1923 - chamada de 24 Horas de Le Mans. Desde o início o W.O. Bentley conclui que ninguém teria sucesso neste tipo de corrida (que falta de visão ou bairrismo com Brooklands).
Duff, no entanto, conseguiu convencê-lo fazendo o dono da Bentley colocar à sua disposição, dois de seus mecânicos e emprestou-lhe um piloto (works): Frank Clement - carro mesmo que é bom o W. O. não forneceu. o Duff teve que comprar o seu segundo Bentley. Foram da Inglaterra até Le Mans (2 pilotos e 2 mecânicos), pilotando o carro preparado para a corrida carregando o máximo de peças de reposição. Outra ponto - nenhum outro fabricante inglês mandou carros para Le Mans neste ano. O W.O. Bentley não tinha planejado assistir à corrida na França, but... bateu um remorso e ele embarcou no último momento, na balsa para Dieppe.
W.O. Bentley rapidamente mudou de idéia sobre o valor da corrida de resistência. À meia-noite ele já estava convencido de que este era o tipo ideal de competição para os seus carros. Os Bentley foram os mais rápidos, contudo, Duff e seus mecânicos não conseguiram proteger o carro contra o lançamento de pedras que cobriam o circuito. Uma delas esmagou um farol a noite, enquanto a outra perfurou o tanque de combustível, forçando Duff parar. Quem faz os reparos foi Clement colocando o carro na corrida novamente. Mas muito tempo tinha sido perdido. Isso não impediu que o Bentley batesse o recorde da pista (chegou em quarto lugar). W. O. Bentley estava agora convencido de que com uma preparação melhor, poderia fazer melhor em 1924, suficiente para garantir a ampla exposição na mídia, além de ter uma credibilidade internacional da marca.
Le Mans de 1924: Duff e Clément
1924
O ano de 1924, portanto, marcou o retorno da Bentley a Le Mans. Era ainda o carro pessoal de Duff, contudo, o Bentley foi totalmente desmontado em uma oficina da fábrica, as peças verificadas, e algumas substituídas por novas. O sistema de abastecimento de combustível foi duplicado. O tanque principal tinha sido reforçado para lidar com as pedras. Um tanque de emergência foi instalado. O chassi foi equipado com reforço adicional e amortecedores especiais, para enfrentar a superfície irregular de Le Mans. Freio nas quatro rodas.
Em Le Mans houve coisas estranhas, com a terceira marcha estar travada na caixa de velocidade; houve suspeita de tentativa de sabotagem em um pneu, mesmo assim, W. O. Bentley recebeu com enorme alegria que Duff e Clement ganharam Le Mans para a Bentley, naquele ano. A imprensa britânica não deixou de elogiar o jovem construtor. Conseqüência direta desse sucesso, eram os pedidos de compra de Bentleys.
Le Mans, nos anos 20, era basicamente um teste de velocidade e resistência para a estrada. O serviço e suporte foram mínimos. Se um carro com um piloto privado, desfrutando de uma simples assistência técnica da fábrica, foi capaz de ganhar Le Mans o que aconteceria se decidi-se contratar uma equipe completa? Isto é o que W. O. Bentley se comprometeu a fazer em 1925.
1925
Foi um ano para esquecer - e pior a prova de 1925 teve um caráter internacional, devido à presença de equipas estrangeiras (britânicos, italianos e norte-americanos). Quarenta e nove carros foram registrados. Esta foi a primeira largada ao estilo "Le Mans" (os pilotos correram para seus carros colocados lado ao lado - esta fórmula foi mantida até 1969). Duas equipes foram formatadas pela Bentley: um carro particular do Duff (segundo piloto Clement), e a fábrica colocou outro carro, pilotado por Bertie Kensington Moir e Benjafield Dudley. O W. O. havia conhecido o Kensington no navio que retornava da Ilha de Man em 1922 (tinha um senso de humor, maior do que pilotava), já Benjafield era um ótimo driver.
Durante a corrida, Kensington travou uma dura batalha com o Sunbeam de Henry Segrave. Um erro de cálculo da equipe no consumo de combustível, fez de um de seus carros parar por pane seca. Carro Duff e Clement estava enfrentando o mesmo problema do consumo de combustível. Duff conseguiu iludir as autoridades de vigilância e colocou combustível a mais, contudo, as 5 horas da manhã, um fogo surgiu no carro e o colocou para fora da competição. O evento de 1925 foi desastroso para os Bentley.
1926
Três carros foram envolvidos na prova de 1926, pilotados por Benjafield e Davis; Duller e Clement; Gallop e Thistlewayte. A corrida foi difícil para todos os Bentleys só Benjafield e Davis terminaram (em sexto lugar). O W. O. Bentley, acusou o golpe, mas não desanimou - digeriu essas derrotas consecutivas, e fez o departamento de competição retonar suas atividades no verão de 1926 com uma força incrível. Mas a partir de agora, uma nova performance contra o Le Mans teria efeitos adversos na publicidade. Essa mudança veio nem tanto por parte do Bentley, mas pelo sangue novo, com a vinda dos líder dos Bentley Boys - Bernato chegara à Bentley com novas idéias, novas idéias e o mais importante - grana, que representava oxigênio.
1927 - Sammy Davis e John Benjafield
1927
Participação da Bentley em Le Mans em 1927 continua a ser, sem dúvida, o mais memorável da década para o fabricante britânico. Três carros foram envolvidos. Benjafield e Davis voou com o "Old Number Seven". Duller e banqueiro Erlanger formavam outro time com outro 3 litros. Mas neste ano a arma secreta foi o 4 1/2 litros - o primeiro a participar de uma competição, pilotado por Clement e Callingham Leslie (este cara pilotou somente esse ano para a Bentley em Le Mans).
O 3 litros de Georges Duller chegou a bater no 4 1/2 litros - ele foi totalmente ejetado de seu carro. Sammy Davis chegou logo após e, embora ter reduzido a velocidade, ele foi incapaz de evitar o 4 1/2 litros imobilizado. O 3 litros e o 4 1/2 litros de Clement, foram gravemente danificados e abandonados. Davis conseguiu chegar aos boxes com o Old Number 7. Depois de alguns reparos improvisados, Davis assumiu o volante.
A entrada do Old Number Seven no Savoy Hotel. - Davis esta no volante ao lao do Benjafield, que dava as mãos à Sir Edward Iliffre, proprietário do magazine Autocars.
Ao meio-dia, o Bentley estava em segundo lugar e começou a fazar pressão no carro francês que estava em primeiro. A indicação de box era "Faster". Mas apesar de estar com problemas o carro francês, resistia. Dai Benjafield e Davis fizeram um último esforço para ganhar a corrida, subindo para a velocidade média de 98,71 kmh. O carro francês abandona e o Bentley tinha uma vantagem de 341 km sobre seu perseguidor imediato. Após dois anos de dúvida, o Old Number Seven e os dois pilotos, fizeram história. Os acontecimentos que se seguiram esta vitória inesperada, também passaram para a posteridade. Poucos dias depois, o Old Number Seven, ainda machucado após o acidente e sua luta, foi levado para o Hotel Savoy - para o jantar!!! Sir Edward Iliffe, começou seu discurso com estas palavras: "Eu acho que está faltando alguém aqui esta noite, cuja presença parece ser essencial para mim." Com isso o Old Number Seven foi empurrado para dentro do salão. Ele estava no estado em que terminou a corrida. A festa foi completa.
Time de 1928 a caminho de Le Mans - o primeiro da esquerda WO Bentley
1928
A temporada de 1928 estava destacava a coragem e o talento de dois dos mais famosos Bentley Boys: Barnardo Woolf e Sir Henry Birkin. Bentley colocou em 28 três modelos 4 1/2 litros. Os times foram formados por: Birkin e Chassagne; Benjafield e Clement; Barnato e Rubin. Estes modelos iriam combater e ser combatido pelos carros norte-americanos: quatro Chrysler e um Stutz (esse último que trazia maiores preocupações dos ingleses). Birkin cobriu sua primeira rodada em 117 kmh. Barnato atingiu 119 kmh na segunda rodada, enquanto o Stutz respondeu prontamente com mais de 120 kmh. Clement atingiu cerca de 123 kmh. O recorde era batido a cada volta.
Bentley nos boxes - havia um relógio e um cronometro para cada carro. Carro de Birkin era esperado de um momento para outro. Na hora programada para ele parar... o número 3 do Birkin havia furado o pneu na Mulsanne. Ele tentou trocar a roda, mas... cadê o macaco - tinham retirado, pois, o carro ficava mais leve e eles achavam que mesmo com pneu furado dava para chegar ao box... Infelizmente a velocidade do 4 1/2 Litros detonou o pneu e roda. Uma massa de borracha queimada em torno do freio a tambor, bloqueava a alavanca que aciona os freios. O carro não chega mas chega o Birkin, à procura de um macaco. Vendo que ele estava exausto, o Chassagne veterano, seu companheiro de equipe, colocou o macaco nos ombros e fui rapidamente ao longo da estrada para encontrar o carro que estava a uma distância de três milhas. A roda foi trocada e o Bentley foi capaz de reiniciar a corrida, mas com um atraso de três horas. Terminaram na quinta posição.
A tripulação Clement/Benjafield foi forçada a deixar a corrida no meio da madrugada, por problemas elétricos. Ao aproximar do meio-dia no domingo, o duelo Bentley - Stutz tornou-se mais feroz do que nunca. Barnato venceu uma rodada em 15 segundos, mas o Stutz replicava em cima. 1928 Barnato e Rubin venceram à frente de um Stutz e um Chrysler - sem água no radiador, pois, o Bentley furou a mangueira. A marca britânica ganhou a sua terceira vitória em Le Mans.
1929
Em 1929 a Bentley com certeza gostaria de impor a sua supremacia. Nada foi deixado ao acaso. Cinco carros foram fabricados para a corrida. Stutz colocou três carros, mas eles não conseguiram vencer os Bentley, que chamavam de "máquina de guerra". Um concorrente de peso neste ano foi a Mercedes-Benz.
O Time Bentley escondeu o jogo com seu veloz Speed Six. 4 Bentleys chegaram nas 4 primeiras colocações (pela ordem): Barnato e Birkin (Speed Six "Old Number One"); Kidston e Dunfee (4 1/2 litros); Benjafield e Erlanger (4 1/2 litros); e, Clement e Chassagne (4 1/2 litros). O quinto carro, um 4 1/2 litros, do time composto por Lord Howe/Rubin, não terminou a corrida.
Barnato e Birkin no Speed Six "Old Number One" - Le Mans de 1929
Clement e Chassagne durante Le Mans de 1929
Em termos de competição 1929 foi ano excelente, mas em termos de divulgação o sucesso da Bentley havia se tornando habitual e os jornais, não deram muito destaque às vitórias.
Le Mans de 1930 - da esquerda para a direita: WO Bentley com seus pilotos Watney, Kidston, Bernato e Clement
1930
O ano de 1930 tinha muitos concorrentes aos Bentleys, tais como Mercedes-Benz, Alfa Romeo e Talbot. A Bentley levou cinco carros preparados para as 24 Horas de Le Mans. Houve realmente duas equipes diferentes: Os works Bentleys com três carros, e Tim Birkin com dois carros, equipados com um compressor (contra a orientação inicial de W. O. Bentley, que não acreditava nessa técnica).
Le Mans de 1930, Kidston e Barnato
Mercedes também havia adotado overeating. Mas ao contrário dos Bentleys que usavam seu compressor de forma contínua, os alemães ligavam o sistema quando julgavam necessário, economizando assim a questão mecânica. As 02h30 da manhã, a Mercedes abandonou a corrida, deixando o campo aberto para os Bentley Boys. As 16h00 do domingo o carro de Barnato e Kidston cruzou a linha de chegada, seguido pelo Bentley de Clement e Watney. Clement correu 8 vezes em Le Mans e fazia a sua décima temporada na Bentley.
Birkin, Chassagne e Kensington Moir e o Bentley em Le Mans de 1930
O Bentley 4 1/2 litros supercharged de Birkin foi cronometrado em 202 kmh na reta Mulsanne - o problema é que W. O. não confiava no compressor, além do que, o carro pesava duas toneladas e meia, além dos pneus serem consumidos a um ritmo impressionante. Só depois de 73 anos veríamos um works Bentley vencendo corridas.
A lista completa dos homens (Bentley Boys) é a seguinte:
Woolf "Babe" Barnato
Dr. J. Dudley "Benjy" Benjafield
Sir Henry "Tim" Birkin
Dale Bourne
Frank Clement
S. C. H. "Sammy" Davis
John Duff
George Duller
Clive Dunfee
Jack Dunfee
Barão Andre D'Erlanger
Clive Gallop
Bertie Kensington Moir
Glen Kidston
Bernard Rubin
Jean Chassagne
Vamos aos boys:
Woolf 'Babe' Barnato em 1930
Joel Woolf Barnato nasceu em 27 de setembro de 1895, e morreu em 27 de julho de 1948, educado no aristocrático Charterhouse School e no Trinity College de Cambridge, servindo mais tarde na Royal Field Artillery, durante a Primeira Guerra mundial. Sua fortuna começou com o setor bancário e financeiro inglês (já tinha muito dinheiro, pois, era filho de Barney Barnato, dono da famosa mina sul-africana Randlord de diamantes e ouro - o pai dele morreu perto da Ilha da Madeira, quando voltava da África do Sul - dizem que foi suicídio - nesta época tinha 2 anos e herda aos 19 anos um fundo de 250 mil libras - em 1914 era uma baita grana), mas sempre foi um apaixonado por carros e pelas corridas - aliás, ele foi por 3 vezes consecutivas, campeão das 24 horas de Le Mans.
A vida do Babe já foi tema de livro e cinema - foi casado 3 vezes e sua filha Diana Barnato Walker (do segundo casamento com Dorothy Maitland Falk), que era MBE, dava outra história - aprendeu a pilotar no famoso Brooklands Flying Club em 1938 com 20 anos, pilotando Spitfires, Hurricanes e Wellingtons como Air Transport Auxiliary durante a Segunda Guerra mundial.
Foi o lider dos Bentleys Boys. "Babe" era seu apelido, ironizando um lutador de box peso pesado da época (ele era de estatura pequena). Inspirado na vitória de Le Mans de 1924, por John Duff e Frank Clement, Babe resolve ser sócio da Bentley, depois como maior acionista e finalmente como chairman em 1925. Barnato teve como co-piloto Duff, e bateu o recorde mundial das 24 horas, no Autodrome de Montlhéry, com 95.03mph!
Preciso explicar uma coisa - ele tinha saído de uma grande briga com seus sócios nas minas da Árica do Sul (envolvendo na época 950 mil libras). Reservou 100 mil libras para entrar de sócio na Bentley, mas as ações da empresa estavam caindo muito - dai comprou as 149.500 ações e investiu bem menos do que pretendia - dizem que ficou em 35 mil libras em 1922. Bom... de uma forma ou de outra - ficou dono da Bentley... mas, anos depois veio a quebra da Bolsa de NY e a grande depressão que atingiu em cheio o Reino Unido. Em 31 deixou de pagar duas hipotecas e avisou os credores que não tinha o dinheiro para isso... Em 10 de julho a Corte retira a administração da Bentley no meio da negociação com a Napier, contudo, foi a Rolls-Royce que comprou em novembro a empresa por 125.000 libras em leilão a preço fechado em envelope. Babe saiu com 42 mil libras de ações da Rolls.
Babe (a esquerda) com Frank Clement em 1930
Com a injeção de dinheiro do Barnato, W.O. Bentley desenhou uma nova geração de carros, de 6 cilindros, na verdade 61/2 litros, mas quando Babe colocou o supercharger no 4 litros e meio - o famoso Blower Bentley - a duração de motor nas pistas era de pouca durabilidade (além de falhar muito nas corridas). Babe ganhou as 24 horas de Le Mans por 3 vezes consecutivas: em 1928 com Bernard Rubin com um 4 litros e meio; em 1929 com Sir Henry "Tim" Birkin com o Speed Six (Old Nunber One); e em 1930 com Glen Kidston com o mesmo carro (a Bentley, ganhou em 1927 com o Dr. J. Dudley "Benjy"Benjafield e S. C. H. "Sammy" Davis com um 3 litros).
Joseph Dundley Benjafield, era médico nascido em 6 de agosto de 1887, em Edmonton - Londres, tendo feito a University of London e recebendo o grau de MD da University College Hospital em 1912. Era bacteriologista, servindo no Egito durante a Primeira Grande Guerra (usou sua especialidade para combater a epidemia provocada pela Grannde Gripe de 1918-1919). Participou das 24 horas de Le Mans em 1925, 1930 e 1935, pelo Time Bentley Motors, terminando em primeiro em 1927 e no mesmo ano, ganhou na Classe. Sua paixão pela velocidade começou com lanchas de corridas, e quando a sua quebrou, ele transferiu sua paixão para os automóveis, atuando com um Bentley de 3 litros. Ele começou a correr em 1924 e 1925. Ele participou das 24 horas de Le Mans em por 7 vezes e ganhou o evento em 1927, com seu co-driver e amigo S. C. H. "Sammy" Davis (outro Bentley Boy), com um Bentley - que quebrou - eles arrumaram e ainda ganharam a prova. Ele criou o British Racing Drivers' Club e continuou correndo até 1936 - veio a falecer em 1957.
Sir Henry 'Tim' Birkin, 1930
Sir Henry Ralf Stanley "Tim" Birkin, nasceu em 26 de julho de 1896 e morreu em 22 de junho de 1933 (era filho de umas das mais respeitadas famílias - Sir Thomas Stanley Birkin e da Hon. Margaret Diana Hopetoun Chetwynd - ganhou o apelido de Tim, com referência ao comic book chamado Tiger Tim, criado por Julius Stafford Baker - ele era casado com Audrey Clara Lilian Latham, filha do Sir Thomas Paul Latham e Florence Clara Walley, em 12 de julho de 1921, divorciando-se em 1928). Entrou na Royal Flying Corps durante a Primeira Grande Guerra, chegando a tenente.
Sir Birkin em Brooklands na corrida de 1930
Birkin no Bentley no Circuito de Pau, bancado pela Paget - que depois, foi dela e ela nunca vendeu.
A primeira prova onde o Blower Bentley teve participação foi em Essex na Six Hour Race em Brooklands, em 29 de junho de 1929. As coisas não ocorreram como esperavam, fazendo com que W.O. Bentley falasse: Eu não disse!!! Na verdade ele disse: "to pervert the design and corrupt the performance". W.O. nunca gostou do Blower no seu carro. Mesmo assim, Birkin convenceu W.O. a fabricar 50 carros com supercharger - era o número necessário para uma espécie de homologação, para a prova de 1930 em Le Mans. Foram fabricados 55 carros com blower. Depois do épico duelo (eu falo que deveria haver um filme sobre essa turma), entre Dudley Benjafield, Birkin nos Blower Bentleys e Rudolf Caracciola, na Mercedes-Benz SSK - houve a retirada dos 3 da pista, deixando a vitória com o Speed Six do Barnato e Glen Kidston. Ettore Bugatti certa vez se referiu aos Bentley como "o mais rápido caminhão do mundo" (Le vite camion mais du monde).
Tim Birkin e Woolf Barnato em Le Mans de 1929
A depressão fez com que se buscasse apoio financeiro nos anos de 1929 e 1930. A partir de outubro de 1930, o suporte financeiro foi dado por Dorothy Paget, que era conhecida como proprietária de cavalos de corrida. Esse suporte foi dado em 1930 ao carro de Birkin. Mundo Birkin caiu aos pedaços no final de 1930. Bentley Motors retirou-se das corridas e fechou o ano seguinte (embora comprada pela Rolls Royce a marca, não reapareceu por muitos anos). Dorothy Paget retirou seu apoio para o Time Bentley, em outubro de 1930, contudo, ela continuou apoiar o carro de Birkin (Blower original #1). O carro tinha sido reformado pela Reid Railton (transformado em monoposto por um de 2 lugares), mas pegou fogo na corrida das 500 Milhas de 1929 devido a um escape rachado (esse carro era apelidado de Encouraçado Brooklands). Birkin manteve sua oficina em parceria com Mike Couper, desenvolvendo uma empresa especializada em carros de alta performance (a parceria terminaria em 1932).
Tim Birkin - 4 1/2 Litre Blower
No meio da crise, sabem o que o Birkin criou nos anos 30? Autorama... isso mesmo - criou um micro-Brooklands, com trilhos de metal em base de madeira (duas pistas), que por intermédio da eletricidade, movia carrinhos Bentley (electric model Brooklands). Eu quero.
Birkin continuou correndo apesar destes contratempos. Em 1931, ele ganhou Le Mans com Earl Howe, num Alfa Romeo, mesmo recebendo um telegrama de Mussolini parabenizando-o por sua "vitória para a Itália" (mas ele não venceu para a Itália, tampouco, era italiano). Em 24 de março de 1932 ele levantou em Brooklands o recorde de volta exterior (137,96 mph), no Bentley chamado de Battleship Brooklands - esse recorde permaneceu por mais dois anos antes de ser derrotado por John Cobb, dirigindo o 24 litros Napier Railton. Em 07 de maio de 1933 ele participa no Tripoli Grand Prix com uma Maserati 8C, de propriedade de seu colega Bernard Rubin, terminando em terceiro. Durante o seu pit stop Birkin queimou o seu braço ao encostar no tubo de escape quente. Existem opiniões diferentes sobre o que aconteceu depois. A versão mais comentada e tida como a verdadeira, é que a ferida infeccionou e piorou porque Birkin sofria de malária. Foi provavelmente uma combinação de ambos que se revelou fatal. como Birkin morreu no Countess Carnavon Nursing Home, em Londres aos 22 dias de junho de 1933.
Frank Clement em primeiro plano
Frank Clement, participa de Le Mans de 1923 a 1930, ganhando a prova de 1924, inclusive na classe, com um Bentley, tendo como co-drive o canadense John Duff. Na verdade Frank foi recrutado pro W.O. para ser test driver da Bentley Motors.
Ele participa, com Duff, como time privado nas 24 horas de Le Mans, de 1923 - era o único time no evento, terminando em quarto lugar - no próximo ano Duff volta como time privado com um Bentley, e ganha 2 corridas em Lorraine-Dietrichs e Chenard-Walckers. Ganha a Rudge-Whitworth Triennial Cup em 1925 - passando a ser o segundo time bancado pela Bentley. Em 1926 havia 3 times da Bentley em Le Mans e Clement fazia parte de um deles, tendo como co-piloto George Duller, mas não ganhou, como ocorreu nos dois anos seguintes. Em 1930 chega em quarto e em 1931 chega em segundo.
Da esquerda para direita: Frank Clement, W. O. Bentley e John Duff, tendo atrás o Bentley ganhador de Le Mans de 1924, com Duff - "Photo Bentley Motors"
Sydney Charles Houghton "Sammy" Davis, nasceu em 1887 em Londres e veio a falecer em 1980 - era motor racing journalist e piloto nas horas vagas. Era editor de esportes da The Autocar, e escrevia com o pen-name de Casque (capacete em francês). Participa de Le Mans em 1925, 1928, 1930 e 1933 - fez parte de vários times, como Bentley, Sunbeam, Alvis e Aston Martin - terminou Le Mans em 1927 em primeiro e segundo na Classe em 1925 e 1927.
Em 1925 Davis terminou em segundo lugar Le Mans com Jean Chassagne co-driver em um Sunbeam 3-litros, cobrindo 1.343 milhas nas 24 horas, 45 milhas atrás do vencedor. Em 07 de maio de 1927 Davis terminou em segundo lugar no Essex Car Club a corrida de Seis Horas, em Brooklands, num Alvis. Como Bentley Boy ele venceu as 24 Horas de Le Mans de 1927. Em parceria com Dr. Benjafield, eles realizaram uma velocidade média de 61,354 mph em Le Mans - isso porque na primeira parte do evento o carro havia quebrado. Em 1928, ele terminou em nono lugar na geral em Le Mans, com um 1 ½ litros front-wheel-drive Alvis. Em 1929 Davis terminou em segundo lugar na geral e vencedor da classe, nas 12+12 Horas de Brooklands, com um Bentley 4398cc. Termina em segundo lugar novamente em 1930, com um Bentley 5597cc. Em Le Mans de 1930, ele foi atingido por uma pedra jogada pelo carro da frente, forçando a aposentar-se (o seu óculos lhe protegeu muito).
Em 04 de outubro de 1930, Davis fez uma parceria com Earl of March, com um Austin Seven ganhando as 500 Milhas de Brooklands (BRDC). Ele teve um acidente espetacular em 1931, com um Invicta S-type em Brooklands. Em 1933 ele terminou em nono lugar em Le Mans com um Aston Martin. Ele foi um dos fundadores do Veteran Car Club da Grã-Bretanha em 1930, e o primeiro vice-presidente do Clube dos Proprietários de Aston Martin em 1935, projetando as famosas "asas" do crachá. Depois da Segunda Grande Guerra, ele fez muito para promover a revitalização do automobilismo na Grã-Bretanha, tanto como vice-presidente do Vintage Sports-Car Club e como Presidente do 500 Club (mais tarde The Half Litre Car Club). Ele era um membro do comitê do BRDC. Ele também atuou no Comitê de Competições da Royal Automobile Club, o órgão dirigente do desporto automóvel no Reino Unido.
John Francis Duff, nasceu em 17 de janeiro de 1895 e morreu em 8 de janeiro de 1958. Era o estrangeiro da turma - era canadense (figura no Canadian Motorsport Hall of Fame). John Duff nasceu em Kiukiang, China. Seus pais eram canadenses de Hamilton, Ontario, que estabeleceu um posto comercial nas proximidades de Kuling. O jovem indisciplinado Duff foi enviado para Hamilton para uma boa educação vitoriana. Ele viveu lá até aos dezasseis anos. Em 1912, Duff estava de volta em Kuling. Quando a guerra foi declarada em 1914, ele viajou por toda a Rússia para a Inglaterra onde ingressou no exército. Gravemente ferido na Terceira Batalha de Ypres, Duff foi enviado para um hospital na Inglaterra, onde conheceu e se casou com sua enfermeira. Em 1919, John Duff aprendeu a dirigir um carro e se tornou um negociante. Em 1920, ele começou a correr.
John Duff em Brooklands
Ficou em primeiro em Le Mans com um Bentley em 1924 (primeiro da classe também) - participou das 24 horas entre 23 a 25. Teve importante participação em Brooklands (foi um dos únicos dois pilotos canadenses a ganhar neste circuito). Foi o primeiro canadense a correr as 24 horas de Le Mans e até hoje, nenhum outro canadense, conseguiu ganhar em Le Mans como ele fez, como Bentley Boy. Ele foi detentor de 50 world records em speed e em endurance (foram sancionados pela AIACR e ratificados depois pela FIA). Ele figurou, também, entre os top-ten que terminaram Indianapolis 500. Apesar de ser considerado canadense, ele nasceu em Kiukiang (China), logo depois seus pais mudaram para o Canadá (Hamilton, Ontario). Viveu lá até os 16 anos, quando voltou a Kuling - quando a Primeira Guerra iniciou em 1914, ele atravessou a Russia até a e Inglaterra e entrou para o exército. Em 1919 aprendeu a dirigir e em 1920 já corriam Brooklin (que muitos chamavam de The English Indianapolis - um elogio desnecessário à pista de Indy). em Brooklands ele pilotou um Fiat S.61 de 10 litros, construído em 1908, ele conseguiu ganhar em 1921 o 75 Long Handicap com velocidade de 104.19mph, em seguida, ele ganhou o 100 Long Handicap, com velocidade de 104.85mph (na off-season, com um Fiat de 18 litros que ele chamava de Mephistopheles, ele ganha a corrida - na praia de Fanoe, Dinamarca ele marca a velocidade de 165.9kph!!!!). Em 1922 ele começa a correr com um Bentley em Brooklands. Com um modelo de 3 litros, ele bate o recorde da Double Twelve (tinha esse nome, pois, a noite parava a corrida por causa do barulho, recomeçando no dia seguinte). Neste ano continuou se destacando em Brooklands.
Bentley Sport 3 litros ('Old Number Seven') do Dr John Dudley Benjafield e Sammy Davis
No final de 1923 Duff, resolve participar das 24 horas de Le Mans (com sua nova roupagem) - foi a primeira inscrição e a sua primeira participação - teve todo o apoio de W.O. Bentley, que preparou o carro e colocou um piloto experiente como o Clement como partner - terminaram em quarto. Na corrida seguinte no Spanish Touring Car GP em Lasarte, já na segunda volta, pega uma pedra que quebra o seu maxilar e inúmeros dentes, e ganha na classe de 3 litros com seu Bentley. Em 1924 a Bentley coloca todo seu esforço para Le Mans, contudo, Duff participa como time particular, e usa um Bentley de um dealership car (foi preparado com idéias de Duff e com o que aprendeu no carro setado pela Bentley em 23). Seu companheiro era Clement - foi a primeira vitória da Bentley em Le Mans. Em 1925, um incêndio no carburador do Bentley de Duff, lhe tirou das 24 horas. Em 25 participa em Montlhéry, com um special single seater Bentley, preparado por Dudley Benjafield que atuou como seu co-driver - nas primeiras 12 horas, bateu o recorde na pista sob chuva a 97.7mph! Em 21 de setembro Duff retorna a Montlhery com Woolf Barnato com seu co-driver, onde percorreram 2.280 milhas em 24 horas a 95.02mph. Ao todo o Bentley de 3 litros, fez 21 recordes mundiais, incluindo as Six e as Twelve Hours e nas 500, 1000 e 2000 milhas. En 26 Duff foi para os EUA e obteve inúmeros sucessos, até se acidentar e não voltar mais a correr. Abriu uma academia em Santa Monica, e trabalhou com vários atores e atrizes em Hollywood (era grande amigo de Gary Cooper), sendo treinador da equipe olimpica dos EUA.
Beresford Clive Dunfee nascido na Inglaterra em 1904, morrendo num acidente em Brooklands, em 24 de setembro de 1932. Era o terceiro dos 4 filhos do Coronel Vickers Dunfee e irmão menor do Jack Dunfee, que também era um Bentley Boy. Em 1930 participa da 24 Horas de Le Mans (aliás o mesmo ano que casa com a linda atriz Jene Baxter, que na época era a leading ladies do cinema britânico e do teatro). Em 1932 os irmãos Dunfee correram a BRDC 500 Miles Race em Brooklands, com o "Old Number One" Speed Six Bentley de 8 litros - Jack entrega o carro em quarto lugar, para seu irmão Clive - este na mesma volta, depois de passar por Howe Bugatti, dá um salto num banking que o joga fora da pista, sobre as arvores, morrendo instantaneamente.
George Pearson Glen Kidston nascido em 23 de janeiro de 1899, em Natal - Africa do Sul. Era aviador e corredor na Inglaterra, onde quebrou recorde nos dois meios de transporte. Participou como Bentley Boy nas 24 horas de Le Mans em 1929 e 1930, pelo time oficial da Bentley, tirando o primeiro lugar na corrida e na classe em 1930 (Bentley Speed Six, como co-piloto de Woolf Barnato. Foi tenente comandante de torpedeiro da Royal Navy, durante a Primeira Guerra Mundial. Esse era o ralizeiro dos Bentleys Boys - participou do Rallye de Monte Carlo, de corrida de motocicleta na Ilha de Man TT e na Shelsley Walsh Hillclimb. Nas horas vagas e na Guerra era piloto de avião.
Em 1931 Kidston quebra o recorde de voo de Croydon para Cape Town - ele completou a jornada em 6 dias e meio, com um avião adaptado - Lockheed Vega (é ou não o caso de se fazer um filme?!). Ele, também, era bom em speed boat. Ele é morto um ano após o triunfo em Le Mans, quado o seu Havilland Tiger Moth quebra durante uma tempestade de areia sobre a África do Sul.
Bernard Rubin, nascido em 6 de dezembro de 1896 e morreu em 27 de juno de 1936. Era corredor britanico e piloto de avião - era um dos Bentley Boys, do time oficial de fábrica. Ganhou em 1928 as 24 horas de Le Mans na prova e na classe (participou também, da prova de 1929). Era filho do famoso vendedor de pérolas Mark Rubin. Bernard nasceu em Carlton - Victoria, mudando para Londres, com a família em 1908. Serviu no Royal Garrison Artillery, na Primeira Grande Guerra, onde foi ferido ficando 3 anos em tratamento, só depois disso voltou a andar. Seu pai morreu em 1919 e Rubin somente começou a correr em 1928.
Rubin era muito amigo do Barnato, morando, inclusive algum tempo na casa dele. Seu debut em Brooklands foi em 1928, terminando em sexto, que serviu de preparação para as 24 horas de Le Mans. Ao lado de Barnato ganhou duas vezes com o Bentley 4 litros e meio. Em agosto de 1929, Rubin se acidenta com seu Bentley durante o TT (Tourist Trophy) - com esse acidente, ele volta para o Time como ownership, e ajuda a fundar os Bentley Boy com Henry Birkin. Morre de tuberculose em 1936, no mesmo ano que casa com Audrey Mary Simpson (já é o segundo Bentley Boy que morre no mesmo ano em que se casa).
No primeiro plano o Time de 1927 - da esquerda para a direita: Franck Clement e Leslie Callingham; d'Erlanger e George Duller; Sammy Davis e Dudley Benjafield. No segundo plano Barnato e WO Bentley (de gravata escura)
Em 1922, da esquerda para direita Hawkes, Clement, WO Bentley e 3 dos seus mecânicos
Babe (centro esquerda) e Tim (centro direita) - 1931.
Woolf Barnato e Frank Clement
Wally Hassan, Jack Dunfee, Woolf Barnato e Stan Ivernee
Sir Henry "Tim" Birkin pilotava o supercharged 4 1/2 litros, com o W. O. Bentley, na prova de 1929 Tourist Trophy (ficaram em décimo primeiro lugar)
Sir Henry Birkin e Wollf Barnato, com o Speed Six "Old Number One"
Da direita para esquerda: Gallop, Clement (no volante), Benjafield e Davis - Le Mans de 1927
Le Mans em 1928 - da direita a esquerda: Clement, Birkin e Barnato
Tem ainda os Bentley Boys Bertie Kensington Moir, George Duller, Jack Dunfee, o playboy Baron d'Erlanger, o engenheiro Clive Gallop e Dale Bourne.
A história da corrida do Bentley contra um trem...
As histórias individuais dos Bentley Boys, e do próprio W.O. Bentley daria para rodar um belo filme, a começar da proeza ocorrida com a corrida encarada por Barnato. O ambiente era esse: Em plena crise na colônia (EUA), que atingiu também a Ilha Mãe, no final dos anos 20 e início dos anos 30, alguns endinheirados pouco ligavam para isso. O Hotel Carlton na Riviera Francesa era uma prova disso. Tal hotel em 1930 era frequentado pelos chamados blue bloods, como a Grã-Duquesa Helène da Rússia; as Princesas Nicholas, Elisabeth e Marina da Grécia. Andavam pelo belo salão do Carlton, que mostrava toda a opulência da Belle Epoque (esse hotel foi inaugurado no final da Primeira Grande Guerra - com frente para o Mediterrâneo), O Rei da Espanha Edwald VII, o Tsar da Rússia Reza Shah, o Rei da Bélgica, o Visconde e a Viscondessa Scarsdale, Sir James e Lay Carmichael, Sir Percy Simmons - e no meio deles - o CEO da Bentley - Capitan Woolf Barnato.
Neste ano Woolf Barnato estava sentado com seu "secretário" Dale Bourne, no bar do Carlton em Cannes (França). A Rover e a Alvis, correram contra um trem que saía de lá de Cannes, e ganharam ao chegar antes em Calais - com uma vantagem de 20 minutos. Barnato, disse que tal corrida não deveria ser levada tão a sério, pois, esses carros não eram um Bentley e que este chegaria antes em Londres! Dai surgiu uma idéia de colocar o seu Bentley Speed Six contra o trem francês - Le Train Bleu (na verdade tinha o nome oficial de Calais-Méditerranée-Express), ou seja, que ele chegaria primeiro no seu clube em Londres (uns dizem que era o Royal Automobile Club na Pall Mall - mas na verdade foi o Bourne's Club na St. James Street), antes do trem chegar em Calais.
Bentley do Babe, que "ganhou" do trem - na foto o motorista dele
Ele topa a aposta, e faz arranjos para colocar no seu carro, galões de gasolina e para dar um caráter oficial, coloca a RAC no meio da história. Prepara a rota para sua trip e pretemde fazer uma média de 80mph com seu Bentley. Na quinta-feira do dia 13 de março, no Carlton Bar ele tem a notícia que o trem partiu as 5:54pm - ele toma seu Gim e parte para a corrida... 100 milhas depois, em Aix-en-Provance, ele coloca gasolina - como é difícil ter posto de combustível aberto a noite - ele já havia combinado com uma garagem para estocar gasolina para ele em Lyons (chegou na garagem faltando um minuto para meia-noite). Em Auxerre teve dificuldade no combustível, tendo que usar os seus galões - nesta região a chuva despenca de maneira forte. Em Paris abastece e troca pneu (sai de Quai de Boulogne as 10:30am). Embarca num barco que fazia o trajeto Boulogne-Folkestone as 11:30am - o barco foi usado só por ele (cortesia para RAC). 1 hora e 20 minutos depois, chega na aduana inglesa (que teve toda a pressa, por influência da RAC, de passar o carro na frente de todos - super-efficient service by the R.A.C.). Vai no pau sem reabastecer até Londres. Ao passar na Vauxhall Bridge avista a estação Victoria e olha no seu relógio: 3:20pm. Era a hora oficial da corrida - o trem chega em Calais as 3:24pm - esse horário só é confirmado por telégrafo no Bourne's Club. Ganhou a disputa com o trem, com um Bentley Special de 6.5 litros, depois chamado de Blue Train Bentley (bem antes do que fizera outras marcas inglesas de carros). Começa ai a fama desta marca destes carros fantásticos feitos em Cricklewood, ao norte de Londres.
Esse carro correu contra o trem? Durante anos acreditou-se que sim. Sinceramente, eu gosto de pensar que foi esse modelo que ganhou a disputa...
Há que se registrar que alguns livros trazem indicação que o trem partiu as 17:45hs. A sua velocidade constante era de 43.43 mph, durante as 570 milhas, chegando em Calais as 10:30hs da manhã seguinte. Depois de atravessar o Canal da Mancha, o Bentley chega em Londres - como acima citado, as 15:20hs (atravessando todo o tipo de trânsito), mas há registros que ele chegou 15 minutos antes! Como dizem meus amigos gaúchos: Ba!!! Barnato usou para o "Blue Train Run", especificação Le Mans, com chassis para suportar a carroçaria de 4 portas, construído por H. J. Mulliner - e não por Gurney-Nutting coupé, como retratado na famosa pintura de Terence Cuneo.
But... anos se passaram, com essa história... no século 20 veio a história real ou quase-real: Acreditava-se que o Bentley Speed Six em que Woolf Barnato bate o Trem Azul era o coupé feito pelo coachbuilders Gurney Nutting, que artista contemporâneo Terence Cuneo pintou. Mas recentemente, Bruce McCaw, dono atual deste Bentley do Barnato não havia sido montado ou produzido nesta data do famoso duelo, ou seja, não havia sido posto no mercado até março de 1930 - na verdade o Bentley pintado e festejado como aquele que ganhou do trem, ficou pronto 10 dias depois da aposta. Provavelmente, o Bentley que correu contra o Blue Train, foi um montado pelo carroceiro Mulliner - ou seja, um 4 portas Speed Six Saloon e não um Coupé. McCaw localizou o chassis e o motor do carro de Mulliner, que estavam em carros diferentes - restaurou e o apresentou no Pebble Beach Concours d’Elegance em agosto de 2003. Mas... há comprovação de 2010 que o Bentley foi aquele mesmo retratado nos desenhos e pinturas, desmentindo o norte-americano.
Este seria o verdadeiro Bentley Speed Six - Será? Dizem que não...
Arte
1927
John Duff - Old Number 2 Speed Six - segundo lugar em Le Mans de 1930
Old number one em 1932 - Brooklands - este carro ganhou em Le Mans de 1929 e 1930 (de propriedade do Woolf Barnato)
Mildred Mary Petre e seu Bentley nas 24 horas.
1929 no TT, com um Bentley Speed 6 - Woolf Barnato e Henry Birkin
6 1/2 litros de Barnato / Kidston (que estão trabalhando)
Clive Gallop
Brooklands
Um dos proprietários mais famosos de um Bentley, na verdade, nunca existiu. Ele é o 007 (James Bond). Nos romances originais de Ian Fleming (na foto no Bentley de sua propriedade), Bond possuía vários modelos da marca inglesa. Nos três primeiros livros de James Bond, o espião conduzia sempre um carro da marca Bentley, que posteriormente foi trocada pela também inglesa Aston Martin. Fontes ainda indicam que a Bentley era a marca de automóveis preferida de Ian Fleming.
Fotos Contemporâneas
Bentley 4 1/2 Litros de 1929 do Birkin Blower Number 4 (Blower Number 2) - carroceria Vanden Plas.
Bentley Speed Six Old Number 2
Bentley Speed Six de Barnato / Kidson em Le Mans de 1930
George Pearson Glen Kidston
1928 - Bentley de Barnato e Rubin na frente de um Stutz e um Chrysler (arte de Daniel Picot)
Reid Railton desenhado por D. N. Sykes.
SCH 'Sammy' Davis e o Dr J Dudley 'Benjy' Benjafield com o Old Number 7
Bentley no Hotel Savoy
Old Number 7 no Ritz
Fotos Históricas
1927
John Duff - Old Number 2 Speed Six - segundo lugar em Le Mans de 1930
Old number one em 1932 - Brooklands - este carro ganhou em Le Mans de 1929 e 1930 (de propriedade do Woolf Barnato)
Mildred Mary Petre e seu Bentley nas 24 horas.
1929 no TT, com um Bentley Speed 6 - Woolf Barnato e Henry Birkin
6 1/2 litros de Barnato / Kidston (que estão trabalhando)
Clive Gallop
Brooklands
Um dos proprietários mais famosos de um Bentley, na verdade, nunca existiu. Ele é o 007 (James Bond). Nos romances originais de Ian Fleming (na foto no Bentley de sua propriedade), Bond possuía vários modelos da marca inglesa. Nos três primeiros livros de James Bond, o espião conduzia sempre um carro da marca Bentley, que posteriormente foi trocada pela também inglesa Aston Martin. Fontes ainda indicam que a Bentley era a marca de automóveis preferida de Ian Fleming.
Fotos Contemporâneas
Bentley 4 1/2 Litros de 1929 do Birkin Blower Number 4 (Blower Number 2) - carroceria Vanden Plas.
Bentley Speed Six Old Number 2
Bentley 1928 - Woolf Barnato e Bernard Rubin
2 comentários:
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