Fiat e Imperia - rooftop test track

Bom... a Fiat já fez carro grande no início, levando a sério o ditado: quem gosta de motorzinho é dentista. Para fazer carros em massa e para a massa (Ave Santa), a Fiat olhou para o futuro e construiu uma fábrica futurista em Lingotto e... construiu o Edifício Lingotto... aquele que tinha uma pista de testes no telhado.

Lingotto é um distrito de Turim (Itália), que deu nome ao famoso edifício que comportou a mítica fábrica da Fiat na Via Nizza. Foi erguido a partir de 1916 e inaugurado em 1923, seguindo o projeto criado pelo jovem arquiteto Mattè Trucco. Tinha cinco andares. As matérias-primas eram descarregadas no piso térreo, e os carros eram construídos em uma linha que subia pelo edifício.

Os andares eram especializados na construção de partes específicas do carro, que ia desde do chassis até o acabamento final no penúltimo andar. No último andar, havia uma pista de corrida (coisa de italiano...).

Foi a maior fábrica de automóveis no mundo no seu tempo. Por sua vez, o edifício Lingotto foi de vanguarda e tido como futurista. O Corbusier o chamou de "um dos mais impressionantes na indústria", e "um guia para planejamento de cidades". 80 modelos diferentes de carros foram produzidos lá (o Fiat Topolino era o garoto propaganda em 36 da fábrica).

Le Corbusier sobre a pista de teste da Fiat (Turin 1934)

Idem

Gianni Agnelli - O Mago

A fábrica tornou-se obsoleta na década de 1970 e foi finalmente fechada em 1982. O encerramento da fábrica levou ao debate público muito sobre o seu futuro, e como se recuperar de declínio industrial em geral. Um concurso de arquitetura foi realizado, o que acabou por ser atribuído a Renzo Piano, que idealizou um espaço interessante para o público da cidade. A obra foi concluída em 1989.

No filme Mafioso de 62 o prédio era referência e a pista foi utilizada na famosa fuga dos Mini-Cooper no filme The Italian Job de 69. A antiga fábrica foi reconstruída em um complexo moderno, com salas de concerto, teatro, centro de convenções, lojas, hotel - enfim - salvaram o prédio. A sua parte oriental é a sede da faculdade de Engenharia Automotiva da Universidade Politécnica de Turim. A pista foi mantida, e ainda hoje pode ser visitada.

Ah.... mas se você acha que essa foi a primeira e única pista de testes localizada no último piso de uma fábrica montadora de carros... está enganado... Lingotto era famoso mas existia a... Imperia!

Foi construída em Nessonvaux (Trooz), na Bélgica uma montadora da carros chamada Imperia (1928 a 1958). Note que a fábrica belga teve essa ideia (de montar uma test track) bem antes dos italianos e a inaugurou em 1928, com um circuito de 1km.

A Impéria antes de acabar 10 anos depois, em 48 montava sob licença os Standard Vanguards e os Adlers. Há que se lembrar também, que em 37 um pouco antes da Grande Guerra, o engenheiro chefe Louis de Monge e o Ettore Bugatti fizeram o mítico carro de corrida Bugatti 100P. Mas... cai entre nós... a fábrica ficava num buraco e a pista quase no nível da rua!!!

Notem a curva fechada....

Ah.... mas a história não acabou - eu pensei que era somente estas duas pistas de testes sobre telhados, contudo, um atento seguidor deste bloco, o meu vizinho da Argentina - Gaucho Man - me informa que por lá também teve essa iniciativa, com uma pista pequena. Ele publicou em seu blog... o que retransmito aqui (gracias).

Rescate emotivo: Edificio Chrysler

Allá por 1927, el Señor italiano Mario Palanti (arquitecto del Palacio Barolo y el Palacio Salvo) proyectó un edificio para la Concesionaria “Resta”, representante local de la automotriz Chrysler. La construcción fue realizada por la empresa de Federico Bence, en un solar ubicado en la Avenida Figueroa Alcorta al 3300.

Fíjense esta foto vieja, mostrando el edificio casi en medio del campo.

El edificio fue inaugurado el 1 de diciembre de 1928 y su momento fue promocionado como el primer Palacio Autódromo.

El amplio edificio, de una manzana de superficie, incluía un importante salón de exposiciones y venta, una nave para montaje, otra para repuestos y varios para depósito. Lo más interesante estaba en su parte superior.

En efecto, la terraza del edificio tenía una pista circular de prueba de vehículos al aire libre, llamada “Estadio Olimpo”.

La pista tenía una longitud de 173 metros y tribunas con capacidad para 3.000 personas.

El peralte permitía desarrollar velocidades de 100 kilómetros por hora y piso de ladrillos con una inclinación que en algún punto superaba los 45º.

FINAL NO FELIZ

Tras la retirada de Chrysler del país, el edificio fue tomado por el Ejército, que instaló allí las oficinas del Registro Nacional de Armas (Renar).

En 1994 fue reciclado con destino a unidades residenciales tipo loft, incluyendo nuevos cuerpos para lograr mayor densidad de viviendas, aunque manteniendo el óvalo central, como patio. Ahora es lindo, es moderno y es exclusivo.

Pero es triste.
Gaucho Man

Luis Cezar